Em nova reunião do CEP, reitor da UEM diz que instituição vai tomar providências sobre fala homofóbica de professora

Durante reunião na quinta-feira (23/7), conselheiros do CEP se manifestaram em defesa do aluno vítima de comentário com teor homofóbico

  • Em nova reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), na quinta-feira (23/7), conselheiros se manifestaram em defesa do aluno de Educação Física, Krigor de Camargo Faeda, vítima de um comentário de teor homofóbico por parte da professora, Satiko Nanya, na quarta-feira (22/7), durante uma reunião do conselho.

    Segundo informações divulgadas pela assessoria de imprensa da UEM, o reitor Júlio César Damasceno abriu espaço para manifestações dos conselheiros e reiterou o posicionamento da reitoria contra atos homofóbicos.

    De acordo com a assessoria, o reitor disse que a instituição se mobiliza “para tomar providências dentro dos parâmetros do regimento da UEM” e que “atos como esse precisam ser responsabilizados”. O Maringá Post solicitou o vídeo da reunião, mas até o momento não obteve retorno.

    A assessoria de imprensa da UEM informou que cartas em defesa do acadêmico foram lidas durante a reunião. Os textos foram assinados por vários professores com representatividade em núcleos de pesquisa voltados para questões afirmativas. Uma das cartas de repúdio ao ato homofóbico foi divulgada pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros (Neiab) da UEM.

    “Homofobia além de ser considerada um crime, não atinge somente população LGBTQI+ e suas intersecções, mas também outras pessoas que de alguma maneira buscam existir fora dos padrões estabelecidos como norma. Considerando que a universidade, entre outras coisas, é um espaço de produção de conhecimento e formação de profissionais para o mercado de trabalho é urgente que todas as pessoas que convivem nesse espaço respeitem as diferenças, a convivência na pluralidade e a dignidade como demanda diversos dispositivos jurídicos que temos em nosso país”, diz um trecho da carta.

    A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá (Sesduem) também se manifestou e afirmou que “repudia qualquer ato ou intenção que expresse a homofobia e o preconceito, seja no ambiente universitário ou fora dele”. A Sesduem disse ser inaceitável, que dentro de universidades, em um conselho que discute sobre educação, que ainda existam práticas de intolerância, preconceito e ódio contra pessoas LGBTQIA+.

    Procurada pelo Maringá Post na manhã de sexta-feira (24/7), a assessoria de imprensa da UEM informou que as investigações estão em andamento, conforme informou em nota na quinta-feira. No comunicado, a reitoria disse que “está tomando as providências cabíveis para averiguar a eventual infração e irregularidade funcional cometida pela conselheira”.

    Durante reunião do CEP na quarta-feira (22/7), o microfone da professora do Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular da UEM, Satiko Nanya, estava aberto e todos os participantes ouviram a ofensa. “Ai, essa bicha…vou te contar”, disse a professora durante a fala do aluno de Educação Física, Krigor de Camargo Faeda, representante dos estudantes no conselho.

    Ainda durante a reunião, membros do conselho pediram que a professora Satiko Nanya se retratasse. No pedido de desculpas, ela disse que estava cansada com as discussões e que a situação não iria se repetir. “Não sou homofóbica, pelo contrário, eu respeito muito e gosto muito das pessoas por elas serem inteligentes. Me perdoem, por favor, foi uma coisa que aconteceu. Me perdoem”, disse a professora durante a retratação.

    Comentários estão fechados.