Depois de mais de cinco horas de reunião, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) aprovou, na quarta-feira (22/7), a volta às aulas de maneira remota. Durante a reunião, em que professores e alunos debatiam a retomada do calendário acadêmico, uma professora ofendeu um aluno chamando ele de “bicha”.
O microfone da professora do Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular da UEM, Satiko Nanya, estava aberto e todos os participantes ouviram a ofensa. “Ai, essa bicha…vou te contar”, disse a professora durante a fala do aluno de Educação Física, Krigor de Camargo Faeda, representante dos estudantes no CEP.
Veja o momento em que a fala do aluno é interrompida pela professora:
Logo após a fala com teor homofóbico da professora, o assunto repercutiu nas redes sociais. Diversos Centros Acadêmicos da UEM se pronunciaram por meio de uma nota de repúdio contra a homofobia sofrida pelo aluno.
“Nós, discentes da UEM, não admitimos que atos como esse continuem acontecendo. A universidade no Brasil é elitista e, justamente por isso, carregada de racismo, LGBTQfobia, misoginia e tantos outros preconceitos e discriminações contra aquilo que subverte a lógica branca, masculina e heteronormativa”, diz um trecho da nota de repúdio publicada pelos Centros Acadêmicos.
Ainda durante a reunião do CEP, membros do conselho pediram que a professora Satiko Nanya se retratasse. No pedido de desculpas, ela disse que estava cansada com as discussões e que a situação não iria se repetir. “Não sou homofóbica, pelo contrário, eu respeito muito e gosto muito das pessoas por elas serem inteligentes. Me perdoem, por favor, foi uma coisa que aconteceu. Me perdoem”, disse a professora durante a retratação.
Vejo o momento em que a professora se retrata durante a reunião:
Advogado diz que fala pode ser classificada como prática de homotransfobia
Segundo o advogado David Novaes Fiori a atitude da professora foi homofóbica e se enquadra como prática de homotransfobia. Como ainda não existe uma lei específica direcionada às condutas homofóbicas e transfóbicas, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 2019 que práticas como essas podem ser equiparadas aos crimes de racismo, previstos na Lei 7.716/1989. A pena é de reclusão de um a seis meses ou multa.
Por meio de nota, a Universidade Estadual de Maringá informou que “está tomando as providências cabíveis para averiguar a eventual infração e irregularidade funcional cometida pela conselheira do Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP)”.
A professora do Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular da UEM, Satiko Nanya, preferiu não conceder entrevista. Por meio da assessoria de imprensa da UEM, a professora disse estar abalada e que respeita a “opção sexual” das pessoas. A professora disse lamentar o episódio e pediu desculpas novamente.
O Maringá Post tentou contato com o aluno do curso de Educação Física, Krigor de Camargo Faeda, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.
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