Estudantes protestam contra implementação do ensino remoto na UEM. Veja vídeo da manifestação

Se o ensino remoto emergencial for aprovado, as aulas de forma não presencial devem ter início em 3 de agosto na universidade

  • O campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi palco de uma manifestação por parte de alguns estudantes da instituição nesta quarta-feira (15/7). Os alunos se organizaram para protestar contra a possibilidade de implementação do ensino remoto emergencial, devido à pandemia do novo coronavírus.

    A Câmara de Graduação e Educação Básica e Profissional da UEM aprovou a retomada gradativa das aulas de forma remota por 55 votos favoráveis. O próximo passo para o ensino remoto ser implementado é a decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP) da universidade.

    As discussões no CEP começaram nesta quarta-feira (15/7). Se também for aprovado pelo CEP, as aulas de forma não presencial têm previsão de início para o dia 3 de agosto na universidade.

    Veja o vídeo da mobilização dos estudantes:

    Segundo o Presidente do Centro Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo e conselheiro suplente no CEP da UEM, Silas Petris Capuano, o ensino remoto é um sistema “absolutamente falho, ruim, puramente tecnicista e sem espaço para debates, como uma universidade deveria ter”.

    Capuano explica que além dessas desvantagens do próprio método EAD, a inacessibilidade técnica também afeta uma parcela socioeconomicamente vulneral de estudantes. “Mesmo resolvendo a parte de equipamentos a universidade não leva em consideração as mudanças na própria estrutura familiar dos estudantes, nem a saúde física e mental deles.”

    Devido à pandemia, Capuano diz que muitos estudantes tiveram que começar a trabalhar para ajudar na renda familiar. Além do trabalho, mudanças nos afazeres domésticos, como ajudar nas atividades de um irmão que está no ensino a distância, ou até mesmo na limpeza da casa, também influenciam à vida do aluno, que devido aos desafios, acabam evadindo do sistema de ensino.

    Por se tratar de uma universidade pública, Capuano pontua que a instituição deveria dar mais respaldo às dificuldades sociais dos estudantes. “A universidade não está parada, o ensino está parado. A pesquisa, a extensão e os laboratórios não estão parados”.

    Para um outro estudante, que preferiu não ter o nome revelado, a falta das aulas remotas na instituição “é uma vergonha”. Segundo o aluno, que faz o curso de Direito da UEM, outras instituições do Brasil implementaram as aulas remotas e “têm obtido resultados satisfatórios na continuação e na qualidade do ensino”.

    O estudante reconhece que a situação provocada pela pandemia é algo atípico, mas diz que a universidade precisa se readequar às possibilidades.

    “Tenho uma prima de 12 anos na rede pública de educação. Ela tem aulas remotas desde abril. Ai fica o questionamento, como uma criança de 12 anos está tendo aulas remotas no ensino fundamental e uma faculdade, que se denomina uma das melhores do Brasil, está completamente paralisada?”, questiona o estudante.

    Sobre a inacessibilidade aos estudantes de baixa renda, o aluno diz que é dever do estado e da universidade prestarem suporte a “essas pessoas que existem, porém são a grande minoria”.

    UEM busca se adaptar ao ensino remoto

    Ante da possibilidade de serem instauradas de fato as aulas remotas na UEM, muitas ações estão em andamento na universidade. Uma das ideias mais defendidas é o Projeto de Inclusão Digital que visa dar suporte aos estudantes de graduação sem acesso ou com acesso limitado ao mundo virtual.

    Para o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias Silva, este projeto é a garantia de que nenhum aluno ficará para trás por não ter equipamento ou acesso à internet. “Precisamos democratizar o ensino, é impensável iniciar o ano letivo sem incluir todos os acadêmicos”, afirma Dias Silva.

    Ele explica que o projeto engloba um conjunto de medidas, entre elas a identificação dos alunos em situação de vulnerabilidade e sem acesso tecnológico.

    “Já realizamos duas pesquisas, por meio da Pró-Reitoria de Ensino (PEN), com o objetivo de mapear a situação do nosso corpo discente. A última apontou que de um universo de 14.984 alunos de graduação, 1,28% não tem acesso à Internet. Mas, considerando que nem todos responderam ao questionário e para que ninguém deixe de ser assistido, os coordenadores de curso, por estarem mais próximos dos alunos, também foram acionados para confirmar este diagnóstico. ”, afirma Dias Silva, destacando que a consulta também vem sendo realizada com professores, alunos de pós-graduação e agentes universitários.

    Uma das medidas para prestar auxílio aos alunos que não tem acesso tecnológico a internet foi o repasse de 450 smartphones apreendidos pela Receita Federal (RF) à UEM. Os aparelhos, com 64 giga bytes de memória, foram apreendidos em uma operação contra o contrabando e serão incorporados ao Projeto de Inclusão Digital da UEM.

     

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