O Movimento LGBT Sem Terra, em parceria com a Associação Maringaense LGBT (AMLGBT), organiza a semana de doação de sangue LGBT em Maringá. A ação começou na segunda-feira (22/6) e termina nesta sexta-feira (26/6). A iniciativa ocorre na semana do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em 28 de junho.
A ação também comemora a conquista da comunidade LGBTQIA+ ao direito de doar sangue. Em maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou restrições à doação de sangue por homossexuais.
Na tarde de quarta-feira (24/6), 10 pessoas da comunidade LGBTQI+ doaram sangue no Hemocentro Regional de Maringá. Segundo a presidente da AMLGBT, Margot Jung, foi a primeira vez que um grupo de pessoas declaradamente LGBTs doou sangue no hemocentro desde a liberação do STF.
Anteriormente, bancos de sangue rejeitavam a doação de homens gays que tivessem feito sexo com outros homens nos 12 meses anteriores à coleta. A decisão dos ministros do STF derruba a proibição e garante que homossexuais, bissexuais e mulheres trans passem pela triagem clínica regular feita a todos os doadores voluntários.
“Essa semana de doação foi escolhida para começarmos a usufruir desse direito que nos foi negado durante tanto tempo. A partir do momento que o STF liberou a doação de sangue, foi uma forma de usufruir desse direito e mostrar para a sociedade que sangue LGBT também salva vidas, é sangue como de todas as outras pessoas”, diz Margot Jung.
A presidente da Associação Maringaense LGBT afirma que a semana foi escolhida para marcar o encerramento do mês do Orgulho LGBTQIA+. Apesar disso, ela destaca que as pessoas que não conseguirem horário para essa semana, podem agendar a doação em outros dias. “Agora, [a doação de sangue] é para sempre”, comemora.
Segundo a diretora do Hemocentro Regional de Maringá, Márcia Momesso, o hemocentro alterou os protocolos e pessoas LGBTQIA+ podem fazer a doação de sangue. Ela explica que os questionários foram revisados e, a partir de agora, o doador é impedido pelo comportamento de risco e não pela orientação sexual.
O critério de risco se refere à quantidade de parceiros sexuais ativos e o estado de saúde dos parceiros. O critério é o mesmo para todos os candidatos à doação, independentemente do gênero ou orientação sexual.
“Considerávamos a proibição inconstitucional e discriminatória, os bancos de sangue estavam esperando essa decisão. Acredito que foi uma conquista e a doação de sangue, desse número maior de pessoas durante a pandemia, com certeza vai ajudar os estoques do banco de sangue”, afirma Márcia Momesso.
De acordo com a diretora do hemocentro, em alguns meses após o início da pandemia, houve redução de 40% no estoque do banco de sangue. A situação atual é estável, mas ela destaca a importância da doação regular de sangue.
“Nós precisamos de doadores todos os dias. Com a bolsa de sangue posso salvar até quatro vidas, mas cada hemocomponente da bolsa de sangue tem uma validade diferente. O concentrado de plaqueta, por exemplo, é válido para cinco dias e um dia com número baixo de doações pode começar a faltar hemocomponentes”, explica a diretora.
Durante a pandemia de coronavírus, o Hemocentro Regional de Maringá está recebendo doações apenas por meio de agendamento. Os doadores podem agendar horário pelo site (acesse aqui) ou pelo WhatsApp (acesse aqui).
Pessoas LGBTQIA+ seguem os mesmos requisitos dos demais doadores. Confira alguns requisitos básicos para doar sangue:
- Estar em boas condições de saúde;
- Ter entre 16 e 59 anos (menores de 18 anos devem estar acompanhados de responsável legal);
- Pesar no mínimo 50 kg
- Estar descansado (ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas);
- Estar alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação);
- Apresentar documento com foto recente emitido por órgão oficial e que permita a identificação do candidato (Carteira de Identidade, Carteira de Trabalho, Carteira Nacional de Habilitação e outros);
- Uso de máscara é obrigatório.
Comentários estão fechados.