Atualmente, de forma parcial ou total, o Rio Ivaí drena as águas de 109 municípios paranaenses. Na região de Maringá, o rio apresenta valores de vazões mínimas desde o início do ano, e foi piorando com o início do outono. A última vez que isto ocorreu durante a estação, com intensidade semelhante, foi há 38 anos.
“O atual nível baixo do rio durante o verão e o outono não é comum, há registros de comportamento similar nos anos de 1978 e 1982”, ressalta o geografo especialista em Geomorfologia Fluvial, Eduardo Morais.
Segundo o Grupo de Estudos Multidisciplinares do Ambiente (Gema) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), características naturais e de interferência humana potencializam o efeito da falta de chuva e piora a seca nos rios.
“A população precisa compreender que o lixo que é descartado no chão da Avenida Tiradentes, em Maringá, encontra uma boca de lobo, escoa pelas galerias até o córrego, e então flui até o Ivaí”, ressalta Morais.
Já o engenheiro hidrólogo do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), Arlan Scortegagna, diz que o calcular a vasão do rio não é tarefa fácil. Ele explica que talvez os números não sejam tão pessimistas quanto os apontados pelo Gema.
“Se a gente simplesmente pega um nível e uma vasão, geralmente, a gente vai se deparar com uma série de confusões. O que a gente tem feito no Simepar é um trabalho de consistência dos dados”, explica.
Junto com o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná, o Simpar tem monitorado a vasão dos rios em diversos aspectos, como curvas chaves, medição de campos, tubos de consistências e seções transversais.
O monitoramento feito pela parceria das duas instituições busca fornecer dados mais precisos com a realidade. “No momento que calculamos recorrência de vasões, a diferença de nível pode gerar tempos de recorrências com enormes diferenças”, explica Scortegagna.
A plataforma de monitoramento do Simepar, juntamente com o IAT, deve ser finalizada nos próximos meses e será de domínio público.
Em relatório divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), o Diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Júlio Gonchorosky, diz que “O Paraná está passando por uma das estiagens mais severas dos últimos 50 anos”.
Para o inspetor do Crea-PR na Regional Maringá, Geógrafo Erivelto Alves Prudencio, os estudos das condições hidrológicas das bacias fluviais são de grande importância para o processo de decisão do gestor público.
“O Geógrafo tem capacidade de sintetizar os dados observados, transformando-os em informações capazes de orientar políticas públicas benéficas à população”, afirma. Em linhas gerais, os profissionais ajudam no equacionamento e solução de problemas relacionados aos recursos naturais do país.
Ainda de acordo com Prudencio, o meio ambiente é um tema corrente na ciência geográfica e correlaciona informações que afetam as atividades humanas e os impactos destas atividades no ambiente.
“As pesquisas auxiliam no controle e redução das demandas que podem influenciar na escassez de recursos naturais e humanos, combinados a fatores climáticos de regimes pluviométricos que impactam na indústria, na agroindústria e também no atendimento às comunidades”, ressalta.
Com 798 quilômetros de extensão, considerando o alcance das nascentes e afluentes, 1/4 das chuvas do Paraná escoa para o rio Ivaí. Segundo o geógrafo Eduardo Morais isso mostra uma enorme relevância ambiental, social, cultural, econômica e turísticas para preservação e estudo do rio.
“Alguns municípios utilizam o rio e seus afluentes para abastecimento urbano e industrial; há tribos indígenas que possuem uma íntima ligação com o rio; atividades de pesca comercial e mineração; utilização para irrigação e abastecimento animal e também para o turismo e lazer com a pesca esportiva”, explica o geólogo.
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