A nomeação de Vanessa Göelzer para o cargo de diretora de Eventos Artísticos e Formação Cultural da Secretaria de Cultura (Semuc) repercutiu na internet, onde ela tinha cerca de 18 mil seguidores. Após as críticas, ela excluiu a conta no Instagram. O nome dela também desagradou o Conselho Municipal de Políticas Culturais.
Para o conselho, Vanessa Göelzer não tem experiência comprovada em gestão pública e no âmbito cultural. Em carta enviada ao prefeito Ulisses Maia (PSD) nesta semana, o Conselho de Políticas Culturais demonstrou descontentamento com a nomeação.
O conselho se reuniu no dia 18 de fevereiro, após a saída de Miguel Fernando da Semuc, com o chefe de Gabinete do Prefeito, Domingos Trevizan. Segundo a carta, durante a reunião, Trevizan garantiu que qualquer nomeação seria informada ao conselho e que o município pretendia considerar nomes que tivessem familiaridade com a gestão pública e o setor cultural.
No entanto, o conselho não foi avisado sobre a nomeação. “Acabamos sendo pegos de surpresa com a nomeação. O conselho, como um órgão deliberativo, consultivo, normativo e fiscalizador poderia ter sido pelos menos consultado para a nomeação. Sentimos um impacto muito grande”, disse o presidente do Conselho de Políticas Culturais, Pedro Marques.
Segundo Marques, a Diretoria de Eventos Artísticos e Formação Cultural é um dos cargos técnicos mais importantes da Semuc. A pasta é responsável pela realização de grandes eventos da cidade como a Festa Literária Internacional de Maringá (Flim) e a Virada Cultural, além das formações promovidas pela secretaria.
“O que se espera é que quem ocupe esse cargo tenha experiência de média a grande porte”. A preocupação do Conselho de Políticas Públicas é que a nomeação traga morosidade as políticas culturais, principalmente durante a pandemia de coronavírus, que paralisou o setor cultural.
“Toda pessoa é passível de adquirir conhecimento, mas pode dar uma morosidade aos processos que vinham sendo encaminhados. A gestão pública é diferente do setor privado, tem diversas outras burocracias que não são conhecidas por quem trabalha na gestão privada”, afirmou Pedro Marques.
A Prefeitura de Maringá, por meio da assessoria de imprensa, informou que a exoneração e nomeação de servidores em cargos de confiança é um procedimento que ocorre com frequência nas secretarias, respeitando limite legal de 150 cargos.
Vanessa Göelzer rebate críticas de que não tem experiência
Após a nomeação ser publicada no Órgão Oficial do Município no dia primeiro de abril, Vanessa Göelzer viu as redes sociais, onde ela tinha presença constante e falava sobre diversos assuntos, se virarem contra ela. Com os ataques e notícias falsas, Vanessa decidiu excluir a conta no Instagram.
“Todo questionamento é válido, inclusive da classe artística, mas esses questionamentos vou responder com meu excelente trabalho. As pessoas passaram para um lado pessoal, veicularam notícias falsas e disseram que minha qualificação é falar sobre moda, mas sou formada em direito e professora de inglês”, diz Göelzer.
Apesar da nomeação ter sido publicada no começo de abril, ela disse que ocupa o cargo desde 16 de março, alguns dias antes da paralisação de algumas atividades devido à pandemia de coronavírus. Vanessa Göelzer afirmou que foi ela que decidiu se candidatar ao cargo após a saída de Miguel Fernando.
“Vendo que o secretário tinha saído e as diretorias estavam vagas, enviei meu currículo para o gabinete e algumas semanas depois me convidaram para uma conversa. Foi uma decisão conjunta ocupar a vaga”, diz.
Ela rebateu as críticas de que não tem conhecimento técnico para ocupar o cargo. “Conheci de perto na faculdade de direito como as políticas culturais são importantes para os indivíduos. Não existe falta de informação técnica porque na faculdade discuti isso. Como repórter há mais de cinco anos, sempre participando de eventos, e com o envolvimento com a Sociedade Rural de Maringá, tenho muita bagagem no sentido de como organizar eventos”.
Sobre a ligação com a cultura, Vanessa Göelzer afirma que apesar da formação em direito e ser professora de inglês ela tem experiências em ballet clássico, jazz, sapateado, canto coral, teatro, street dance e outras atividades culturais.
“Sempre tive uma afinidade inegável com a arte, me apresentei em diversos projetos da prefeitura como convite à dança enquanto criança. Acredito também que o que contribuiu para a minha contratação é que já viajei bastante, conheci mais de cem países, falo cinco idiomas, sou poliglota e conheci vários museus e obras mais importantes do mundo”.
Vanessa disse que já tem algumas ações em desenvolvimento na Semuc. Neste primeiro momento, a equipe desenvolve um projeto para que as ações culturais que estavam programadas antes da pandemia de coronavírus possam ser feitas de forma virtual.
“A ideia é garantir que as apresentações sejam entregues às pessoas e que os artistas possam continuar recebendo”.
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