De churrasco na calçada a grupos fazendo exercícios físicos, equipes de fiscalização percebem aumento de pessoas nas ruas

Em fiscalização na quinta-feira (2/4), equipes flagraram grupos fazendo exercícios físicos e bares abertos

  • O cenário mudou em Maringá. Da cidade quase deserta nos últimos dias de março, agora é possível perceber um número maior de pessoas nos espaços públicos. Churrasquinho na calçada, bares abertos, pessoas caminhando e grupos fazendo exercícios ao ar livre, foi o que as equipes de fiscalização da prefeitura encontraram na cidade na noite de quinta-feira (3/4).

    O secretário de Fazenda, Orlando Chiqueto, acompanha diariamente as operações nas ruas de Maringá. Na quinta-feira, por exemplo, chegou em casa após a meia-noite, depois de 16 horas de trabalho. Nas redes sociais, ele desabafou sobre as situações que viu nas ruas da cidade, da falta de empatia e até do deboche de algumas pessoas com as equipes de fiscalização.

    “Ficamos apreensivos e desanimados ao mesmo tempo. A impressão é que vivemos um grande feriado e as pessoas estão aproveitando para andar pelas ruas. Não observamos conscientização nesse momento grave que vivemos agora”, diz Chiqueto.

    Segundo ele, durante fiscalização na quinta-feira, pelo menos cinco pessoas foram multadas em R$ 300 por desrespeitar o toque de recolher.

    De acordo com informações divulgadas pela prefeitura, foram 412 denúncias, 153 vistorias e seis autuações. Em 14 dias de operações já foram 10.633 denúncias, 2.417 vistorias, 150 notificações e 70 autuações.

    Na Avenida Nóbrega, as equipes encontraram um grupo de amigos com a churrasqueira na calçada, bebendo cerveja e com som ligado. Na Zona 7, uma cantina sem alvará fazia espetinhos enquanto vários clientes aguardavam e outros consumiam no local. As equipes também flagraram um bar aberto na Vila Operária com mais de 10 pessoas.

    O secretário explica que o isolamento é importante para que a Secretaria de Saúde possa se preparar e implementar as medidas necessárias para atender aos pacientes quando houver o pico de transmissão da doença. No Brasil, especialistas preveem que o pico da epidemia deve ocorrer entre 25 e 30 de abril.

    “Nosso sistema de saúde ainda não está preparado para atender a demanda que a proliferação [da doença] pode provocar. Essas pessoas que estão se divertindo não estão preocupadas com a sua contaminação e a contaminação de parentes e amigos. São elas que vão estar na fila do sistema de saúde buscando uma vaga de internação, concorrendo com as pessoas que fizeram a sua parte”, afirma Orlando Chiqueto.

    As equipes de fiscalização começaram a perceber um aumento no número de pessoas nas ruas, circulando normalmente, nesta semana. “Até semana passada, a gente via a cidade praticamente vazia e agora a impressão é que a situação está normal. Talvez pelo pronunciamento do presidente da república, que não está levando em consideração as orientações científicas e preocupado mais com a economia do que com o ser humano. Não é campanha eleitoral, direita contra esquerda, é Maringá contra o coronavírus.”

    Uma das medidas adotadas pela prefeitura foi interditar os equipamentos de atividade física que ficam no entorno do Parque do Ingá. Orlando Chiqueto afirmou que as equipes vão intensificar a fiscalização e, se necessário, interditar outros equipamentos públicos para evitar aglomeração de pessoas.

    Na quinta-feira, o secretário de Saúde, Jair Biatto, publicou vídeo nas redes sociais pedindo para que as pessoas respeitem o isolamento social. Biatto, que é médico, estava com marcas no rosto após utilizar uma máscara para ajudar a entubar um paciente com suspeita de coronavírus em Maringá.

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