A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), câmpus Maringá, criou uma pós-graduação de Enfermagem Obstétrica com abordagem humanizada. A especialização é inédita na região e tem como objetivo formar profissionais para atuar com o respeito às escolhas, assistência plena à saúde física e emocional da mulher durante o parto normal.
De acordo com a enfermeira e coordenadora do curso, Ana Cleide Victor, o diferencial dessa abordagem está no cuidado, formação e empatia que mobilizam toda a equipe para prestar um atendimento individualizado para a mulher.
Ela afirma que tem observado durante a carreira pouca demanda de profissionais dessa área e que o papel do enfermeiro obstetra é incluir esses profissionais no mercado de trabalho visando a prática do parto normal humanizado.
“O papel desse profissional é fundamental para a efetivação das políticas públicas de saúde conforme as recomendações preconizadas para a efetivação do parto normal humanizado”, diz.
Ana Cleide conta que durante um período longo de pesquisas e levantamentos de contatos, não foi possível fechar o campo prático em Maringá, e que por isso, a prática do curso vai ocorrer no hospital Bom Jesus em Toledo, oeste do Paraná.
O hospital possui uma demanda alta de parto normal e tem profissionais de enfermagem e obstetras que atuam de forma efetiva dentro desse contexto do parto normal humanizado. Ela destaca que é importante debater e elaborar estratégias que promovam e incentivem a prática deste parto.
O ginecologista e obstetra Fernando Seara explica que o termo humanizado é utilizado para denominar o atendimento que segue três pilares: autonomia da mulher, medicina baseada em evidências e equipe multidisciplinar.
Nesse contexto, procurar um atendimento com equipes que trabalham dessa forma vai fazer com que a mulher receba as melhores e mais atualizadas informações possíveis para que ela possa tomar a melhor decisão para ela e o bebê, amparada por uma rede de profissionais que vai servir e ajudar na gestação, parto e amamentação.
Atualmente o Brasil é o segundo país com maior taxa de cesáreas do mundo e segundo Fernando, Maringá está acima da média nacional. Em hospitais públicos com cerca de 60% de cesárea e nos particulares passam de 90%.
O obstetra ressalta que gestantes que passam pelo parto normal, em geral, tem recuperação mais rápida, amamentam mais cedo e por mais tempo, perdem peso mais rapidamente, têm menos chances de hemorragia após o parto e outras complicações.
“Para o bebê, o trabalho de parto ajuda no amadurecimento pulmonar, e entrar em contato com a mãe logo após o nascimento diminui o risco de hipotermia e hipoglicemia, pois ele pode ser alimentado logo nos primeiros minutos de vida com o leite materno, em vez de aguardar no berçário o término da cirurgia, como nos casos de cesariana” diz.
Na primeira gestação, a jornalista Camila Simões optou pela experiência do parto normal humanizado. Ela explica que escolheu o atendimento humanizado porque sempre desejou ter um parto normal.
Durante a gravidez, ela constatou que num país onde a cesárea é a preferência, só mesmo os profissionais que valorizam a humanização é que a acompanhariam nesse tipo de parto.
A jornalista alerta que a humanização é tornar o processo prazeroso e respeitoso, quando mãe e bebê são os protagonistas. Um parto normal pode não ser nada humanizado, assim como uma cesárea pode ser humanizada.
Para Camila, o parto foi além do que ela esperava. Conta que teve o acompanhamento de uma enfermeira obstetra e de uma doula. A experiência foi aprovada com benefícios a ela, ao bebê e à saúde emocional.
“O parto é uma superação que vale a pena viver. Receber o bebê nos braços e poder abraçá-lo ali mesmo é indescritível. Sem contar que ficamos extremamente confiantes com relação a todos os desafios que chegam com a maternidade. Eu faria tudo de novo”, diz.
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