A primeira termelétrica do Brasil abastecida com dejetos de suínos começou a funcionar nesta quarta-feira (24/7). Fica no município de Entre Rios do Oeste, a cerca de 330 km de Maringá. A unidade que vai transformar o biogás em energia elétrica tem uma capacidade de geração de 480 KW.
O investimento da Copel, financiadora do projeto, foi de R$ 17 milhões. A usina é composta por um grupo de 18 produtores de suínos, que vão produzir o biogás a partir do tratamento de 215 toneladas de dejetos obtidas a partir de cerca de 40 mil suínos em sistemas de biodigestão.
O biogás vai ser conduzido por meio de uma rede coletora de 20,6 quilômetros, que vai interligar as propriedades rurais a uma Minicentral Termelétrica, onde estão instalados dois grupos motogeradores de 240 kW de potência cada um.
A energia gerada vai ser utilizada para compensar o consumo energético nos prédios públicos do município, num total de 72 unidades consumidoras, na modalidade de autoconsumo remoto. Os produtores envolvidos vão receber um repasse mensal pelo volume de biogás injetado na rede.
“Esse será o futuro da energia que será produzida no Paraná, aliando uma marca importante do Estado como a suinocultura à geração de biogás”, afirmou o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero.
Segundo ele, a primeira termelétrica do Brasil abastecida com dejetos de suínos é sinaliza para uma matriz energética da próxima década. “É um projeto que combina duas vocações de nosso Estado: o agronegócio e a geração renovável de energia”, afirmou.
Costumo dizer que esse é o Pré-Sal caipira, produzido no interior do Brasil, que transforma um passivo ambiental em um ativo econômico”, ressaltou Rodrigo Régis de Almeida Galvão, diretor-presidente da CIBiogás, empresa responsável pela parte técnica do projeto.
Aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o projeto vai proporcionar uma economia significativa para a prefeitura no pagamento de energia elétrica. E tem o caráter ambiental, com toneladas de gases de efeito estufa que deixam de ser emitidas com o tratamento dos dejetos.
Antes do funcionamento da Usina, os dejetos produzidos nas propriedades eram aplicados na lavoura como adubo. Esse material tem alto potencial de poluição dos recursos hídricos e odor desagradável, além de produzir gases de efeito estufa.
O uso da biomassa residual para geração de energia evita que o metano gerado pelos resíduos sejam lançados na atmosfera. Segundo estimativas, os rebanhos de suínos respondem por 13% das emissões do efeito estufa no mundo.
“É uma nova maneira de pensar as cidades, com uma destinação responsável para os dejetos. Investir no biometano é um exemplo de economia circular que transforma resíduos em geração de renda, num modelo que queremos ver replicado em todo o Estado”, afirmou o governador Ratinho Junior, que participou da inauguração da usina.
A produção de suínos é uma das principais atividades econômicas do Estado. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, o Paraná produziu 840 mil toneladas de carne suína em 2018, o que representa 21,3% da produção brasileira que é de 3,9 milhões de toneladas.
“Esse projeto nos permite um ganho extra. Pretendo dobrar a criação de porcos, passando de 900 para 1.800 cabeças”, afirmou o produtor Jaime José Joner.
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