Encontrada no sítio paleontológico de Cruzeiro do Oeste, a 150 km de Maringá, Vespersaurus paranaensis é a primeira espécie de dinossauro descoberta no Paraná. Inédita no mundo, a nova espécie pode ajudar os pesquisadores a compreenderem a vida pré-histórica do planeta e revela que, há milhões de anos, a região noroeste do Estado era habitada por dinossauros.
A descoberta foi apresentada nesta quarta-feira (26/6) pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em parceria com a Prefeitura de Cruzeiro do Oeste e o Laboratório de Paleontologia da Universidade de São Paulo (USP-Ribeirão Preto). Os pesquisadores divulgaram imagens e detalhes da pesquisa que culminaram no achado da nova espécie.
O Vespersaurus paranaensis viveu no período cretáceo, há cerca de 85 milhões de anos. A região, que hoje compreende o município de Cruzeiro do Oeste, fazia parte de um grande deserto batizado de Deserto do Caiuá. A espécie era um pequeno dinossauro predador do deserto com comprimento de até 1,5 metros.
O dinossauro paranaense se locomovia com base em um dos três dedos do pé. Os outros dois eram usados como garras para fisgar e cortar as presas.
O paleontólogo da USP, Max Langer, explicou que foram encontrados dinossauros semelhantes na Argentina e na África, mas a descoberta em Cruzeiro do Oeste é inédita. A espécie encontrada é a oitava de um grupo de dinossauros chamado de terópodes, que compreende animais bípedes e carnívoros, e é a mais completa encontrada até o momento. Segundo os pesquisadores, as mãos e os pés do Vespersaurus estão melhor preservados do que de qualquer outro dinossauro descoberto.
O nome escolhido para a descoberta vem de Vesper, quem em latim significa para oeste, em referência ao nome da cidade, e sauros do grego que significa lagarto. Segundo Max Langer, a descoberta revela que a região noroeste do Paraná foi habitada por dinossauros. “Aqui existia um grande deserto que ocupava a parte oeste do Estado, sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Nesse deserto, se conhecia muito pouco, e agora com essas descobertas podemos conhecer melhor”.
Historiadora identificou em 2017 que se tratava de um dinossauro
Quem se deparou com o o bloco retirado do sítio paleontológico e identificou, ainda em 2017, que os ossos encontrados poderiam ser de uma espécie de dinossauro, foi a historiadora e diretora do Museu de Paleontologia de Cruzeiro do Oeste, Neurides Martins. “Em determinado dia estava mexendo nos blocos e falei: ‘Vou preparar esse bloco aqui’. Não imaginava que fosse encontrar uma surpresa tão grande”.
Ela conta que logo no primeiro momento que começou a analisar o bloco identificou que se tratava de uma espécie de dinossauro. “Tinha o pterossauro e os ossos que vi eram diferentes. Comecei do meu celular mesmo a fazer pesquisas, entrar em artigos, e vi ali que eram ossos de dinossauro, porque o osso do pterossauro é muito fraco e o osso do dinossauro é mais firme”.
O Vespersaurus não é o primeiro fóssil encontrado na cidade. Em 2014, uma espécie de fóssil de réptil voador (pterossauro) foi descoberta no local. Os fósseis foram encontrados em 1971 por Alexandre Gustavo Dobruski e o filho João Gustavo Dobruski, ao escavarem valetas para escoamento de água em uma estrada rural.
O pterossauro chegou a ganhar destaque na revista National Geographic em 2017. Em 2015, também foi encontrada uma espécie de lagarto chamada de Gueragama sulamericana. A historiadora, Neurides Martins, não descarta a possibilidade da descoberta de novas espécies de pterossauros e dinossauros em Cruzeiro do Oeste. No entanto, ela afirmou que agora é necessário identificar a maneira como esses animais viviam e como se alimentavam.
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