Prestes a completar seis meses de mandato e sob pressão de professores, servidores de universidades e de entidades ligadas a Polícia Civil, o governador Ratinho Junior (PSD) enfrenta nesta semana a possibilidade de greve em vários setores do funcionalismo público. Sem reajuste desde 2016, a categoria reivindica o pagamento da data-base de 4,94%.
A mobilização começou nesta segunda-feira (24/6) com as entidades ligadas à Polícia Civil do Paraná. Por causa do impedimento legal que proíbe envolvimento de policiais em movimentos caracterizados como greve, as entidades organizam outras formas de protesto. Na tarde desta segunda-feira, os policiais civis entregam, de forma simbólica, ao governador Ratinho Junior, viaturas que precisam de manutenção e não foram consertadas.
A categoria também decidiu que, a partir desta terça-feira (25/6), as delegacias funcionam de acordo com a legislação de carga horária dos profissionais. A orientação é que os policias em regime de plantão, acostumados a trabalhar até 60 horas semanais, cumpram somente as 40 horas obrigatórias. Quem trabalha em regime de expediente deve cumprir às 8 horas de segunda-feira a sexta-feira.
Em Maringá, a Polícia Civil informou que pretende cumprir a orientação das entidades sindicais. No entanto, o órgão informou que o atendimento ao público e o trabalho em casos de flagrante continuam normalmente. Ainda não se sabe qual o impacto da medida nas investigações em andamento ou em outros serviços da Polícia Civil.
Os professores e funcionários de escolas estaduais ligados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná (APP-Sindicato) entram em greve por tempo indeterminado nesta quarta-feira (25/6). Em Maringá, o sindicato não soube informar quantos servidores vão aderir a greve, mas a reportagem apurou que em alguns colégios estaduais da cidade a paralisação tende a ser parcial, inicialmente apenas alguns professores e funcionários vão participar do movimento.
Segundo o dirigente da APP-Sindicato em Maringá, Fábio de Oliveira Cardoso, a categoria está mobilizada. “Está mantida a greve a partir de amanhã. Está tendo uma boa aceitação e acreditamos que vai ter uma boa adesão à greve porque a indignação é muito grande. Estamos há quatro anos sem reposição salarial e agora com a proposta de um congelamento de salários por 20 anos”.
Nesta terça-feira, os servidores ligados a APP-Sindicato vão se concentrar a partir das 9h da manhã em frente ao Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá. O Maringá Post entrou em contato com alguns colégios estaduais na manhã desta segunda-feira (24/6) e apurou que, por enquanto, apenas uma parte dos servidores vai aderir a greve.
O diretor do Colégio Estadual Doutor Gastão Vidigal, Sérgio Martinhago, informou que apenas 10% dos funcionários e professores do colégio vão aderir a greve. No Colégio Estadual Presidente Kennedy, uma funcionária que preferiu não se identificar disse que a instituição funciona nesta terça-feira, mas que apenas quatro dos 55 funcionários vão aderir a greve.
A diretora auxiliar do Colégio Estadual João de Faria Pioli, Nivaldete Gabriel Matos, afirmou que, apesar de não ter números exatos, cerca de 50% dos funcionários vão aderir ao movimento. “A escola vai estar aberta. Estamos ainda conversando com os professores e, dentro da liberdade e consciência de cada um, eles vão sinalizar quem vai parar e quem não para”.
A reportagem entrou em contato com a chefia do Núcleo Regional de Educação de Maringá, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestações.
UEM entra em greve na quarta-feira
Os servidores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) ligados ao Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá e Região (Sinteemar) e o Sesduem, que representa os docentes da universidade, aprovaram indicativo de greve para quarta-feira (26/6).
Segundo o presidente do Sinteemar, José Maria Marques, se o Governo do Estado não apresentar proposta de recomposição salarial a categoria entra em greve por tempo indeterminado na quarta-feira. “Os servidores aprovaram [o indicativo de greve] por ampla maioria de votos. Os servidores estão mobilizados e estou conversando com o pessoal do Hospital Universitário para ver o que fecha ou não”, disse.
Outras instituições de ensino superior do Estado também entram em greve. Segundo informações divulgadas pelo jornal Folha de Londrina, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) inicia greve nesta terça-feira e os servidores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) paralisam na quarta-feria (26/6).
Na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), a greve começa no dia 27. Os servidores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) decidem nesta semana se entram em greve a partir do dia 1º de julho.
Durante entrevista coletiva em Londrina na quinta-feira (20/6), o governador Ratinho Junior disse que o Estado não tem dinheiro para conceder o reajuste aos servidores. “Estamos fazendo esforços, cortando mordomias para construir um projeto que permita, daqui a alguns meses ou no ano que vem, dar reajuste aos funcionários. Minha função como governador é cuidar do equilíbrio e garantir saúde financeira ao Estado”.
Em entrevista para Jovem Pan Maringá na sexta-feira (21/6), o chefe da Casa Civil do Governo do Paraná, Guto Silva, afirmou que existe a possibilidade do Estado apresentar proposta aos servidores nesta segunda-feira (24/6).
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