Representantes de movimentos sindicais, estudantes, servidores públicos estaduais e municipais e trabalhadores da iniciativa privada começaram a se mobilizar às 5h desta sexta-feira (14/6) na Praça Raposo Tavares, onde funciona provisoriamente o terminal em Maringá. O movimento faz parte dos protestos que ocorrem em todo país contra a reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL)
Em Maringá, os manifestantes impediam a saída dos ônibus do transporte coletivo. Nos bairros, os moradores conseguiram embarcar, mas ao chegar na região central, os veículos paravam longe do terminal improvisado e retornavam para os bairros.
Inicialmente, pelos menos seis sindicatos convocaram os trabalhadores para a greve geral. O Sindicato dos Trabalhadores em Veículos Rodoviários de Maringá (Sinttromar), que representa os motoristas do transporte coletivo, mobilizou os trabalhadores para a manifestação. No entanto, uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho, divulgada na noite de quinta-feira (13/6), proibiu a paralisação dos trabalhadores.
Nos cruzamentos da Rua Joubert de Carvalho, que dão acesso ao estacionamento do terminal, manifestantes com faixas impediram a circulação dos ônibus. Até as 8h30, o trânsito para outros veículos estava liberado.
Por volta das 9 horas, motoristas do transporte coletivo tentaram furar o bloqueio e sair com os ônibus, o que causou um momento de tensão.
Alguns manifestantes chutaram os ônibus e um dos veículos ficou com o vidro trincado. A Polícia Militar agiu para conter os manifestantes, mas os motoristas decidiram recuar e voltaram para o estacionamento. No meio da confusão, pelo menos duas pessoas foram atingidas por spray de pimenta. Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Militar informou que acompanha a manifestação, mas que não houve ocorrências relativas a greve.
Os manifestantes também começaram a mostrar imagens em que um funcionário da empresa Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC) estaria furando o pneu dos ônibus. O presidente do Sinttromar, Ronaldo José da Silva, teve que intervir e falar com os manifestantes.
Depois da confusão entre motoristas e manifestantes, o trânsito na Rua Joubert de Carvalho foi bloqueado para todos os veículos. Segundo os organizadores, mais de mil pessoas, entre servidores municipais, estaduais, funcionários da Universidade Estadual de Maringá (UEM), estudantes secundaristas e universitários participaram do ato.
Município diz que nenhuma escola foi fechada
A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Maringá (Sismmar), Iraídes Baptistoni, disse que algumas escolas municipais e Centros de Educação Infantil (Cmeis) estavam fechados, mas não soube afirmar quais eram. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Maringá, não soube informar o número de servidores paralisados, mas disse que nenhuma escola ou CMEI foi fechado.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Paraná (APP-Sindicato), que representa professores e funcionários das escolas estaduais, 80% dos servidores estão paralisados. Apesar de não ter dados concretos, a coordenadora pedagógica do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá, Gabriela de Angelis, disse que a greve geral não causou grande impacto nas escolas.
“Na maioria das escolas teve docentes ausentes, mas o impacto não foi tão grande porque a direção conseguiu organizar o tempo destinado ao ensino aprendizagem”, afirmou Gabriela. A Secretaria Estadual de Educação (Seed) enviou formulário para que as escolas informem o número de alunos sem aula e de professores e funcionários ausentes.
Juliana Pereira da Silva, de 27 anos, é de Sarandi e trabalha como diarista em Maringá. Ela veio de carro com o marido até o terminal, mas para chegar no trabalho, que fica no Maringá Velho, ela precisava do transporte coletivo. Segundo Juliana, por causa da demanda os mototáxis que, geralmente cobram R$ 8 por uma corrida, estavam pedindo R$ 15 para levá-la até o trabalho.
A diarista avisou os patrões e disse que pretendia esperar os ônibus voltarem a funcionar normalmente. Para ela, as manifestações têm pouco impacto nas decisões do governo. “Acredito que não vai adiantar muito porque sempre estão fazendo manifestações, mas não acontece nada de bom para o Brasil. Mas está prejudicando, porque tem muita gente que depende dos ônibus”.
Ana Caroline Rocha de Oliveira, de 16 anos, e Hugo Felipe Souza Silva, de 17, são estudantes do curso de formação docente em Paiçandu. Os estudantes contaram que decidiram participar da manifestação por entenderem que a reforma da Previdência tem impacto negativo para quem, assim como eles, vai envelhecer e precisar da Previdência Social.
“Se tiver bem aglomerado, a população bem informada, vai ter um impacto muito grande [na decisão dos parlamentares] e vão ver que o povo está acordando. Tem muita gente que não concorda, mas a gente tem que lutar contra os cortes na educação e a reforma da Previdência, que vai afetar tudo”, afirmou Ana Caroline.
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