Grupo de venezuelanos pede investigação da Polícia Federal sobre refugiados que vivem de esmola em Maringá

Para o grupo de venezuelanos, algo está errado. “Não é normal que uma pessoa que está precisando rejeite ajuda”, observam.

  • Nesta quinta-feira (30/5), um grupo de venezuelanos que reside em Maringá procurou a Polícia Federal e pediu a abertura de investigação sobre dois refugiados que vivem de esmola na cidade. A preocupação surgiu porque o grupo ofereceu ajuda aos rapazes diversas vezes, mas eles rejeitaram todas as ofertas sem dar explicações.

    Os dois venezuelanos pedem esmola na Avenida Colombo. A última tentativa de tirá-los da rua foi feita na manhã desta quinta-feira (30/5), sem sucesso.

    “Eles disseram que estão dormindo na rodoviária, então oferecemos um lugar para dormir e tomar banho, além de almoço e roupas limpas. Também nos colocamos à disposição para ajudá-los a encontrar um emprego, e dissemos que veríamos a possibilidade de trazer a família deles, que está na Venezuela. Enfatizamos que eles não precisam estar na rua, pedindo esmola, mas infelizmente, eles rejeitaram”, explica o imigrante venezuelano Erick Perez Ortuno, que é ex-presidente da Associação dos Imigrantes Residentes em Maringá e Região, missionário e integrante da ONG Instituto Sendas.

    Para o grupo de venezuelanos, algo está errado. “Não é normal que uma pessoa que está precisando rejeite ajuda. Mesmo sendo uma conversa de venezuelanos para venezuelanos, eles foram muito fechados, não tinham argumentos contundentes para não aceitar ajuda. Nossa verdadeira preocupação é que eles estejam sendo explorados por criminosos. Já ouvimos falar sobre situações assim no Brasil, de grupos que exploram venezuelanos em condições vulneráveis”, ressaltou Ortuno.

    Diante da suspeita, o grupo de venezuelanos procurou o Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) em Maringá, e foi orientado a pedir a abertura de investigação na Polícia Federal.

    Os imigrantes também pedem que a população não dê esmolas, porque se ambos estiverem de fato sendo explorados, o dinheiro vai para as mãos dos criminosos.

    “Como não aceitaram ajuda, a comunidade venezuelana entende que estão pedindo esmola porque querem, e não porque precisam. Não dê esmolas, porque se eles estão sendo explorados, a esmola vai para criminosos”, declarou Erick Perez Ortuno.

    Existem outras maneiras de ajudar os refugiados e imigrantes em situação de vulnerabilidade que residem em Maringá. Uma delas é fazer doações à ONG Instituto Sendas, criada com o intuito de acolher refugiados e imigrantes de quaisquer nacionalidades.

    O telefone para contato é (44) 99984-6000. Também é possível fazer doações para o grupo de venezuelanos residentes em Maringá, formado por cerca de 90 imigrantes. O contato é a página oficial no Facebook.

    “Se as pessoa querem ajudar, peço que procurem a comunidade venezuelana, ou procure o Instituto Sendas, para podermos dar a ajuda necessária e digna para essas pessoas”, acrescenta Ortuno.

    Dados do Observatório das Imigrações da Universidade de Brasília revelam que em 2018, 1095 estrangeiros de diversas nacionalidades pediram refúgio no Paraná. Destes, 119 vieram para Maringá, sendo que 116 eram venezuelanos.

    Comentários estão fechados.