Noite dos Morcegos vira atração em Maringá. Vagas para a 5ª edição se esgotaram em 72 horas

No Parque do Ingá, já foram identificadas mais de 15 espécies de morcegos. Nenhuma delas se alimenta de sangue.

  • As inscrições para a 5ª edição da Noite dos Morcegos foram abertas no dia 6 de maio, uma segunda-feira, e na manhã do dia 9, quinta-feira, as vagas se esgotaram. Foram mais de 500 inscritos em menos de 72 horas. O evento vai ser realizado no dia 4 de junho, no Parque do Ingá, das 19h30 às 23h, e tem como objetivo desmistificar histórias negativas relacionadas aos morcegos, que são essenciais em diversos processos ecológicos. 

    Iniciado em 2015, o projeto da Noite dos Morcegos era anual, realizado sempre na semana do dia 1º de outubro, quando é comemorado o Dia do Morcego, data definida pela Rede Latino Americana para a Conservação dos Morcegos (Relcom).

    Mas, por conta da grande adesão dos maringaenses, a partir deste ano o evento vai acontecer duas vezes ao ano: no início de junho – na semana do Dia Internacional do Meio Ambiente -, e em outubro. A iniciativa é do Grupo de Estudos em Ecologia de Mamíferos e Educação Ambiental (Geemea) da UEM.

    Nesta edição, entre 520 e 530 pessoas se inscreveram para participar da Noite dos Morcegos. “Quando verificamos o número de participantes, suspendemos as inscrições, porque se a gente deixasse, o número ia estourar demais. Nesta edição e na que ocorreu em outubro do ano passado, as vagas se esgotaram muito rápido. As pessoas estão cada vez mais familiarizadas e interessadas pelo evento”, conta o docente da UEM e coordenador do Geemea, Henrique Ortêncio Filho.

    As atrações do evento incluem trilha pelo “Caminho dos Morcegos”, a palestra “Morcego, um super herói?”, e a “observação de morcegos vivos”. A proposta da Noite dos Morcegos é desmistificar a má fama dessas criaturas que exercem um papel fundamental para a saúde dos ecossistemas terrestres.

    “O objetivo é levar informação à comunidade sobre a importância que esses animais têm a natureza e ao homem. Infelizmente, são animais cercados por mitos, lendas e histórias negativas. Eles são perseguidos, mortos injustamente, e as pessoas nem sabem o quanto eles são importantes para o nosso dia a dia”, ressalta o professor.

    Das mais de 1,3 mil espécies de morcegos que existem ao redor do mundo, cerca de 170 estão no Brasil, e pouco mais de 70 no Paraná. Do total de 1,3 mil, apenas três espécies são hematófagas, ou seja, se alimentam de sangue.

    Grande parte das espécies são frugívoras, ou seja, se alimentam de frutos e atuam como semeadores da noite, dispersando sementes. Outros, são nectarívoros/polinívoros, os chamados morcegos beija-flor, que se alimentam do néctar ou polén.

    Nesse processo, eles atuam como polinizadores. Há, ainda, as espécies insetívoras, ou seja, que se alimentam de insetos, e fazem o controle de animais que poderiam ser pragas na agricultura ou vetores de doenças.

    “O morcego insetívoro pode comer uma vez e meia o próprio peso em uma noite, o que equivale a mais de 600 mosquitos. Então, imagine a contribuição que ele traz no nosso dia a dia. É menos veneno que a gente vai passar em lavoura, em casa”, ressalta Henrique Ortêncio Filho.

    Outras espécies de morcegos são carnívoras, e se alimentam de outros pequenos animais, como roedores, anfíbios e répteis. Há, ainda, os piscívoros, que são carnívoros especialistas em predar peixes. E por fim, os onívoros, que consomem mais de um tipo de alimento, por exemplo, frutos, insetos e outros pequenos animais.

    No Parque do Ingá, já foram identificadas mais de 15 espécies de morcegos. A grande maioria se alimenta de frutos e insetos. No local, também há uma espécie que se alimenta de pequenos animais e uma que se alimenta de peixes.

    No Parque do Ingá, já foram identificadas mais de 15 espécies de morcegos, a grande maioria se alimenta de frutos e insetos / Elaine Kumano

    “Até o momento, não capturamos nenhum morcego hematófago em Maringá. Então, esses morcegos que as pessoas veem voando pelas árvores, ou que habitam o forro da casa, não se alimentam de sangue”, ressalta o coordenador do Geemea.

    Caso chova na Noite dos Morcegos, a organização tem um plano B. O evento não vai ser adiado ou cancelado. “Como já choveu em outras edições, buscamos uma alternativa. Se chover, por medida de segurança, vamos realizar em um espaço dentro da UEM. Mas, os inscritos vão ser informados com antecedência. Mesmo assim, se isso acontecer, a Noite dos Morcegos não vai perder sua graça”, acrescenta Ortêncio Filho.

    A Noite dos Morcegos é um evento voltado para a comunidade em geral. A entrada é um litro de leite longa vida, que vai ser doado para entidades assistenciais ligadas ao Provopar. Além disso, cada participante deve levar uma lanterna. Informações sobre o evento estão disponíveis na página do Facebook do Grupo de Estudos em Ecologia de Mamíferos e Educação Ambiental.

    O evento conta com apoio do Departamento de Ciências (DCI), do Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada (PGB), Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM (Mudi), Programa para a Conservação de Morcegos do Brasil e da Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal (Sema).

    Comentários estão fechados.