Júlia Rocha dos Santos, 13, moradora de Marialva e estudante de Maringá, ficou em segundo lugar na etapa regional do Concurso Internacional de Redação de Cartas – promovido pela União Postal Universal (UPU) e realizado no Brasil pelos Correios.
Ela, que está no 9º ano do Ensino Médio, na Escola Adventista, e vai ser premiada com certificado e R$ 1 mil em dinheiro. A escola onde estuda vai receber R$ 1,5 mil.
Em sua 48ª edição, o Concurso Internacional de Redação de Cartas tem como objetivo incentivar as crianças e adolescentes a expressarem sua criatividade e melhorar seus conhecimentos linguísticos. Em 2019, o tema da competição foi “Escreva uma carta sobre o seu herói”. Júlia escreveu sobre os livros.
“Eu começo a carta me apresentando, explico que na adolescência muitos têm como herói uma estrela do cinema ou da música, mas que os meus heróis são os livros. Na adolescência é difícil ter amigos verdadeiros, e tendo essa falta, me apoiei nos livros, que me proporcionaram sentimentos e sensações nunca antes experimentadas. Esses conjuntos de páginas não impedem que aviões caiam, nem que navios afundem, mas suprem a necessidade de cada um. Bons livros salvam pessoas”, afirma a jovem.
Júlia ressalta que ficou surpresa ao descobrir que havia ficado em segundo lugar na etapa regional do Concurso Internacional de Redação de Cartas.
“Eu não esperava. Quando abri o site e vi meu nome, meus olhos encheram de lágrimas e minha mão começou a tremer. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. A primeira coisa que fiz foi correr para contar para a minha mãe”, declara ela, que compartilhou a vitória com os amigos em uma publicação no Facebook, agradecendo a mãe e os professores pelo apoio.
A mãe da jovem, Flávia Rocha Silva dos Santos, graduada em letras e pedagogia e professora da rede municipal de ensino de Sarandi e Marialva, conta que os livros sempre fizeram parte da rotina da família.
“Sempre estudamos e lemos muito dentro de casa, e eu sempre comprei livros para ler para a Júlia. Antes mesmo de ela aprender a ler, ela já fazia leitura imagética e contava certinho a história, e as pessoas achavam que ela estava lendo de verdade”.
Em datas comemorativas: aniversário, Dia das Crianças, Natal e até Páscoa, os familiares e amigos já sabem o que dar de presente para Júlia. “Ela não quer roupas, nem ir no cinema, por exemplo. Ela pede dinheiro de presente para comprar livros”, conta a mãe.
Cada escola pôde inscrever duas redações no Concurso Internacional de Redação de Cartas. Na Escola Adventista, 40 alunos escreveram cartas sobre seus heróis, mas apenas duas foram selecionadas por uma banca avaliadora da instituição para participar da competição. A redação de Júlia Rocha dos Santos, classificada como a segunda melhor do Estado no concurso, foi reescrita e avaliada pelos docentes oito vezes, até chegar no resultado final.
Para Mara Vargas Mendes, professora de língua portuguesa e redação da Júlia, o grande desafio da sala de aula, atualmente, é aliar a alfabetização à era digital.
“Nossa urgência é encontrar o meio termo: como ensinar a nossa língua e o amor pela leitura, e ao mesmo tempo usar a tecnologia ao nosso favor. Procuro trazer livros físicos para sala de aula, e também trabalhar textos na forma digital. Tento trazer a realidade que eles vivem para dentro da sala de aula e direcioná-los à exploração correta das mídias digitais – falando sobre linguagem, credibilidade, cuidados com fake news, sites seguros para pesquisa, etc.”, explica.
Na instituição, os alunos só podem utilizar o celular em sala de aula para atividades pedagógicas, mediante aviso prévio enviado aos pais. Segundo a professora, as mídias digitais têm contribuído com a qualidade de argumentação dos alunos, além de fazê-los ler e escrever mais.
“Muitas vezes, a gente levanta algum assunto polêmico com os alunos de 11 a 15 anos, e é impressionante a riqueza de argumentos que eles trazem. Hoje, eles têm acesso mais rápido e fácil às informações, entram em contato com muitas ideias diferentes, acabam lendo mais e manifestando mais suas opiniões. Consequentemente, a escrita está mais presente na vida deles do que na minha geração”, ressalta a professora.
Mara Vargas Mendes acrescenta, ainda, que a era digital exige que os professores se reinventem diariamente para manter os alunos atentos, focados e interessados no conteúdo pedagógico.
“Muitas vezes, ouço eles comentarem sobre determinado filme e assisto para saber o que eles estão vendo, para ter uma forma de abordar isso dentro da minha aula e tornar o ensino da língua mais chamativo. Nossa língua é uma ciência que se modifica com o passar do tempo, então por que meus métodos de ensino não podem sofrer algumas modificações também?”, indaga a docente.
Em todo o Estado, 506 estudantes se inscrevam no Concurso Internacional de Redação de Cartas, e 373 concorreram oficialmente. Os outros 143 foram eliminadas por critérios técnicos. No ano passado, foram 359 inscritos, no total.
O primeiro lugar do Paraná na competição foi Maria Helena Gomes da Silveira, estudante de 14 anos, que cursa o 1º ano do Ensino Médio, no Colégio Sesi Boqueirão, de Curitiba.
A aluna e a instituição de ensino receberão certificado, além das premiações de R$ 2 mil e R$ 2,5 mil, respectivamente. A segunda colocada foi Julia Rocha dos Santos, e em terceiro lugar, ficou Olivia Maria Chaves Simão, de 14 anos, do 1º ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual Francisco A. de Almeida, de Conselheiro Mairinck. Ela receberá R$ 700, enquanto a instituição de ensino será premiada com R$ 1,2 mil.
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