No Ensino Médio, Vinícius Rodrigues era destaque nas disputas esportivas entre turmas no Colégio Estadual Branca da Mota Fernandes, em Maringá. Agora, aos 24 anos, ele se tornou o atleta mais rápido da história dos 100 metros da classe T63, para amputados de perna acima do joelho.
O cronômetro cravou aos 11s95, quando o maringaense concluiu a prova. O novo recorde mundial foi conquistado durante a abertura da Open Internacional de Atletismo e Natação, no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo.
Nascido em Primavera, distrito de Rosana (SP), ele veio para Maringá aos 10 anos de idade. O menino, que passou parte da infância e adolescência no bairro Vila Nova, tinha o sonho de entrar para o Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Apesar do histórico de atividades físicas, em especial o futebol, o esporte surgiu como uma possibilidade de reabilitação quando Rodrigues amputou a perna esquerda acima do joelho. A cirurgia foi necessária após o envolvimento em um acidente aos 19 anos no trânsito de Maringá.
Após ter a perna amputada, ele não se entregou e decidiu encarar a situação com sorriso no rosto. Ainda na cama do hospital, Vinícius Rodrigues recebeu a visita da medalhista paralímpica nas provas de atletismo para deficientes visuais, Terezinha Guilhermina, e conheceu o esporte paralímpico. Era uma nova oportunidade para se recuperar do acidente e melhorar a vida da família.
Rodrigues conseguiu patrocínio para o tratamento de reabilitação e resolveu se mudar para São Paulo. Dois anos após o acidente, em 2015, ele participou pela primeira vez de uma competição profissional como atleta paralímpico.
Nesse meio tempo, ele recebeu a ajuda e o apoio de amigos e também de padrinhos do esporte. Aliás, a marca que o velocista superou na quinta-feira era do alemão Heinrich Popow, uma das pessoas que o ajudaram no início da carreira.
Vinícius Rodrigues se prepara para Tóquio 2020
Para garantir o bom desempenho nas competições, Rodrigues conta que treina cerca de seis horas por dia de segunda-feira a sábado. Ele não quer parar no recorde conquistado na semana passada, mas alcançar outros avanços no esporte paralímpico.
Em novembro, o atleta participa do Mundial Paralímpico de Dubai, nos Emirados Árabes. Se for medalha de ouro, ele está garantido nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
Enquanto isso, a família torce pelo velocista, seja presencialmente nas competições ou aqui mesmo em Maringá, pela televisão. “Se não fosse o esporte, não teria uma profissão boa. Poder carregar nossa bandeira é algo que todo mundo sonha, mas se não fosse o esporte teria uma vida mais difícil. Hoje, tenho a possibilidade de mostrar meu talento e fazer tudo o que posso e sonho fazer”, diz Vinícius Rodrigues.
O atleta avisa que até pode parecer clichê o que vai dizer, mas para ele as dificuldades o fortaleceram. “Aprendi a lidar com um mundo novo. Aos 19 anos me vejo jovem e sem perna. Os olhares mudam, aprendi com o tempo que tem preconceito, mas sempre lidei com um sorriso. Com sorriso no rosto a gente prova que, com a nossa deficiência, nos tornamos mais eficientes”.
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