Em busca de oportunidades e vida melhor, pessoas de outros estados procuram trabalho em Maringá. Conheça algumas histórias

  • Em 2018, Maringá conquistou o “bi-campeonato” de melhor cidade do País para se viver. O resultado veio de uma pesquisa da consultoria Macroplan, que analisa itens como educação, saúde, segurança, saneamento e sustentabilidade. Essa foi só uma das importantes classificações da cidade, o índice FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) apontou Maringá como a 29ª do Brasil em desenvolvimento.

    As classificações renderam à Cidade Canção destaques em veículos de comunicação nacionais com a revista Exame. A fama nacional tem atraído moradores da região e até de outros estados. Segundo o delegado regional do Sindimóveis, Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná, Junzi Shimauti, existe uma grande procura por imóveis na cidade por parte de “estudantes, pessoas em busca de trabalho e aposentados que buscam qualidade de vida ao mudar para Maringá.”

    Essa tendência também foi percebida na Seção de Empregos do Maringá Post, que atrai empregadores e candidatos a um trabalho. Entre os que querem uma colocação, há os que estão desempregados e os que só desejam conquistar uma vaga melhor. E foi entre essas pessoas que nós descobrimos gente de outros estados que decidiram enviar currículos para empresas maringaenses.

    As histórias são as mais variadas. Tem quem já ouviu falar muito bem de Maringá, que já pesquisou sobre a cidade, estando inclusive bem “por dentro” do fato de a cidade ter sido escolhida por dois anos consecutivos com a melhor cidade do Brasil para se viver.  O interessante é ver que alguns escolhem Maringá baseados quase que totalmente pela intuição.

    Aqui você vai conhecer histórias de paulistas, sul-mato-grossenses e até manauaras que vieram de Roraima. Entre os que já estão aqui, alguns se assustaram com o calor, outros com a tranquilidade das ruas. Pois é, para quem já viveu de perto a violência de grandes centros, Maringá é o paraíso da tranquilidade. Conheça as histórias:

    Estranhou o calor

    Luciana Pavin Neri veio de ‘mala e cuia’ para Maringá, junto ao marido e o filho de 14 anos, em dezembro. Eles moravam em São Paulo e costumavam visitar familiares do esposo aqui na cidade todos os anos. Cansados de lidar diariamente com os problemas de uma grande metrópole como a capital paulista, eles decidiram que a Cidade Canção seria um bom lugar para recomeçar.

    “Estávamos cansados do trânsito, da violência e até mesmo das dificuldades profissionais. Não deixava meu filho ir à padaria sozinho, por medo”, lembra. Luciana e o marido, que é optometrista, tinham uma pequena ótica em São Paulo. Por causa do excesso de concorrência, decidiram fechar a empresa familiar e começar do zero no Paraná. Por enquanto, estão morando com a sogra de Luciana e procurando emprego.

    Luciana conta que mal começou a procura por trabalho. “Eu gosto da área administrativa, de recepção e atendimento, que era o que eu fazia na ótica. Meu marido procura uma vaga na área dele”, diz.

    À procura, principalmente de qualidade de vida, Luciana diz estar esperançosa e acredita que terá uma vida bem melhor em Maringá. “Estamos em fase de adaptação e por enquanto o difícil está sendo só encarar o calor”, afirma.

    Nunca esteve em Maringá

    O eletricista de caminhão, Emerson Pasquim, pretende trocar a pequena Tarumã, que fica no interior de São Paulo e tem 15 mil habitantes, por Maringá. Ele conta que se conseguir um emprego na cidade, vem de mudança. “Maringá é um polo para a minha área, de caminhões, estou em busca de evolução financeira e valorização do meu trabalho, algo que falta aqui que é pequeno”, diz.

    Emerson é casado e tem um filho. Ele diz que quando comenta sobre a ideia de vir para Maringá a esposa fica um pouco temerosa, mas acredita que pode resolver o impasse com diálogo. Ele nunca esteve em Maringá e diz que o interesse pela cidade surgiu porque sempre ouviu falar muito bem daqui. O mais perto que ele chegou da Cidade Canção foi em visitas a Arapongas e Astorga.

    Apesar de ouvir muitas coisas boas, ele não sabia que Maringá já foi eleita por dois anos consecutivos a melhor cidade do Brasil para se viver. Sobre trocar a vida pacata da cidade pequena pela experiência – para ele inédita – de viver em uma cidade grande, ele diz que não tem medo e que é só passar o período de adaptação que tudo entra nos eixos.

    De muito longe…

    Quem veio de muito longe foi a manauara Miracélia Ribeiro da Silva. Recém-chegada em Maringá, ela veio depois que o esposo, que é projetista de móveis, conseguiu por fim a um período de dois anos sem trabalho ao conseguir uma vaga aqui. Os dois são de Manaus, mas viviam em Boa Vista, capital de Roraima.

    “Lá em Roraima a situação está muito difícil. A violência é muito grande, tem arrastões à luz do dia e a chegada crescente de venezuelanos tem criado um ambiente muito complicado”, explica. O marido conseguiu o emprego em Maringá por meio de um amigo e Miracélia esperou dois meses para vir para que os filhos, um menino de oito anos e uma menina de cinco, pudessem terminar o período escolar.

    Em Roraima, ela trabalhava no setor administrativo de um dos supermercados Carrefour. “Estou à procura de emprego na área, mas primeiro preciso conseguir matricular meus pequenos nas novas escolas para saber em quais horários estarei disponível”, diz.

    Miracélia se diz “assustada” com a liberdade que os maringaenses têm de sair às ruas quando desejam. “Lá em Boa Vista as pessoas se escondiam dentro de casa, muitas vezes depois das 15h já não havia ninguém na rua. Aqui vejo mães com crianças pequenas na rua até tarde”, surpreende-se.

    Ela diz que está feliz com a mudança e que pretende fincar raízes na cidade. “Aqui é uma cidade muito gostosa, um ótimo lugar para criar os filhos. Além disso, pretendo buscar uma pós-graduação, me capacitar para melhorar cada vez mais. Maringá é uma cidade muito família e nós somos assim também, muito família”, conclui.

    De olho nas vagas

    E tem quem vê em Maringá a possibilidade de mudança de vida. Pelo menos é com isso que a vigilante Denise Alves Oliveira sonha. Ela mora em Ivinhema, em Mato Grosso do Sul, e conta que assim que conseguir um emprego na Cidade Canção, se muda para cá. “Maringá tem muitas empresas, muitas possibilidades e é uma cidade grande porém tranquila. Sei que os salários para vigilantes não mudam muito, mas quero ir mesmo assim”, relata.

    Denise conta que conhece Londrina e que sabe sobre Maringá o que encontra em pesquisas que faz na internet. “Estive aí uma vez quando era bem pequena, mas não me lembro de mais nada. Eu simplesmente tenho muita vontade de morar aí, sempre pensei nisso, mesmo sem conhecer pessoalmente”, conta.

    O desejo de virar ‘maringaense’ é antigo, mas só há um ano ela começou a mandar currículos. Quando conseguir uma vaga, pretende vir sozinha, até já pesquisou valores de kitnets, e só mais tarde trazer os filhos: uma jovem de 18 anos e um menino de 12. “É meu grande sonho ter uma vida melhor e dar melhores condições para eles”, sonha.

    Longe dos pais

    Izabella Taveira Barqueiro está se mudando de Cuiabá para Maringá pela terceira vez. A jovem de 22 anos já tinha tentado ficar por aqui em 2014 e 2016. “Era muito jovem e inexperiente e acabou não dando certo”, diz. Desta vez, ela está mais confiante. Estudante do quarto ano de Direito, ela pretende continuar os estudos e conquistar uma vaga na área administrativa ou jurídica.

    Ela conta que chegou à cidade na véspera de 2019. Aqui ela tem familiares como tios e avós. Izabella acredita que em Maringá pode ter mais qualidade de vida do que em Cuiabá. “Eu sou encantada por essa cidade, que é muito linda, tem um vida cultural muito interessante e pessoas agradáveis. Espero poder ficar por aqui de vez”, revela.

    Os pais ficaram em Cuiabá, a mais de 1.200 quilômetros, e segundo a jovem sentiram a partida, mas desejam o melhor para a filha. “Estou querendo um recomeço aqui em Maringá e o que vier pela frente será bem vindo”, conclui. Como cuiabana, pelo menos o calor da cidade nessa época ela não vai estranhar.

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