Giane Andrade tem medo de altura, mas isso não a impediu de dar uma volta na roda-gigante da Maringá Encantada. Superar o medo de estar no alto é apenas uma das pequenas vitórias que a professora universitária e cadeirante vem conquistando diariamente. O momento da entrada na roda-gigante foi registrado com celular e postado na página administrada por Giane no Instagram.
https://www.instagram.com/p/BrVJfETFyeq/?utm_source=ig_web_copy_link
O vídeo mostra apenas o momento da entrada na cabine. Giane conta que para cadeirantes o passeio é gratuito. Ela também não precisou enfrentar a fila e ressalta que foi muito bem atendida pelos operadores do passeio. Lá em cima, ela diz ter vivido uma experiência única. “Eu tive uma sensação de liberdade tão grande, mas tão grande que não sei nem descrever”, relembra.
Há dois anos Giane vem descobrindo um mundo novo desde que passou a precisar de cadeira de rodas para se locomover. Ela foi diagnosticada com a Síndrome Arnold-Chiari, uma má formação cerebral que causa a compressão do órgão próximo à nuca e que tem como sintomas dores de cabeça, formigamento, fraqueza muscular, dificuldades de equilíbrio e em alguns casos mais graves afeta a visão.
Para falar sobre a síndrome e também sobre os desafios que vem enfrentando, Giane criou a página no Instagram, que já tem 2.500 seguidores, além de um canal no Youtube com 549 inscritos e quase cinco mil visualizações. Essa participação nas redes sociais é recente, não tem sequer seis meses. “Comecei o canal incentivada pela minha psicóloga, como uma forma de contar minha história e assim motivar outras pessoas”, explica.
E quem vê as fotos ou os vídeos da Giane, onde ela sempre aparece bonita e animada, não imagina que nem sempre foi assim. A psicopedagoga, mestre em educação pela UEM, é professora universitária na Unicesumar e por causa da doença está temporariamente afastada. Ela descobriu a síndrome quando se preparava para uma viagem a Portugal, onde foi convidada a apresentar a dissertação de mestrado.
“Tudo começou com dores de cabeça fortes, dores na nuca e um certo formigamento nos braços. Procurei o médico, recebi o diagnóstico e fui liberada para viajar. Mesmo com dificuldade consegui aproveitar muito a viagem, mas na volta a fraqueza atingiu as pernas e aí já tive que pensar em cadeira de rodas”, conta Giane.
Dependendo da família para fazer a maior parte das tarefas do dia a dia, a professora teve dificuldade em aceitar a nova condição. Depois da fase de negação ela conta que veio a tristeza. Depois de resistir por um tempo, aceitou buscar acompanhamento psicológico e desde então diz que vem se redescobrindo a cada dia. “O que eu mais quero é ter minha independência de volta, mas aprendi a viver e agradecer por cada momento”, conclui.
Giane fala sobre família e o tratamento
Giane é casada e tem dois filhos, um de 23 e outro de 16 anos. Além dos três, ela recebe cuidados dos pais que ajudam no dia a dia. Depois de passar por uma cirurgia complexa e fazer vários tratamentos necessários para quem tem a síndrome, como fisioterapia e osteopatia, ela agora espera uma vaga para ficar um mês em Brasília, no hospital Sarah Kubitschek, referência no tratamento desse tipo de doença.
Ela já foi aceita pelo programa do hospital, não vai pagar nada pelo tratamento e só aguarda ser chamada, o que depende da abertura de vagas. Giane, é claro, espera ficar melhor, mas diz que não cria expectativas sobre voltar a andar. “Se eu conseguir melhorar aos poucos e voltar a trabalhar já fico feliz”, afirma.
Comentários estão fechados.