Movimento Brasil Livre faz campanha contra presença da escritora Márcia Tiburi na Festa Literária de Maringá. Organização da Flim vai analisar manifestação

  • O Movimento Brasil Livre (MBL) lançou uma campanha nas redes sociais contra a presença da professora e escritora Márcia Tiburi na programação da Festa Literária Internacional de Maringá (Flim). As manifestações chegaram na secretaria de Cultura e serão discutidas pela Comissão Organizadora da Flim.

    Os apoiadores de Márcia Tiburi reagiram e, nesta quinta-feira (8/11), passou a circular nas redes sociais o movimento “#ElaSim, Queremos Márcia Tiburi na Festa Literária de Maringá”.

    A campanha contra a escolha de Márcia Tiburi começou com a divulgação de um vídeo na página do Facebook do MBL nesta terça-feira (6/11). O vídeo reúne algumas declarações da escritora, como a que ela seria favorável ao assalto e outras em referência ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

    Na postagem, o MBL afirma que não aceita discursos como o de Márcia Tiburi e criou a campanha #ElaNão e #ComMeuDinheiroNão. “Vale ressaltar que somos favoráveis a Flim. Mas não venha com doutrinação petista na terra de Sérgio Moro”, diz a publicação.

    Márcia Tiburi vive no Rio de Janeiro e nas eleições passadas foi candidata a governadora no Estado pelo PT. Ela obteve 447.376 votos e ficou em sétimo lugar no primeiro turno. Professora, Márcia é formada em Filosofia (PUC-RS) e Artes Plásticas (UFRS) e é doutora em Filosofia (UFRS).

    Na ficção, ela estreou com o romance “Magnólia” (2005) e é autora de outros títulos como “Fascismo em comum: para todas, todes e todos” (2018) e “Como conversar com um fascista” (2015). O novo romance da escritora é “Sob os pés, meu corpo inteiro”, que está sendo lançado em todo o Brasil.

    A palestra de Márcia na Flim terá o tema “Mulheres de Palavra” e está marcada para o dia 23/11, às 19h30. Os autores foram escolhidos pelo curador Rogério Pereira, com aprovação da Comissão Organizadora. Com o tema “Resistências”, a Flim deste ano propõe discutir sobre negros, índios, mulheres, LGBTI+ e refugiados.

    https://www.facebook.com/mblmaringa/videos/2100736720237282/?__xts__[0]=68.ARDG8BARWKIXx3nw7PydUAXDw-js3pczqbEb742x8WIZQ5R0j-t1qg2EBXZsuZle38ehBEl5FPDMn7Vn1OUAM5ottYN7j9HAXSlHlbqqQljpN0CaSctk8ku4xDpzlh7WxsxfymGWDpFUYDhXsv_jnA73h2cDzveBPaJbU5WZ3GeZF13vg5X7BSafpfaPgyhrE1jd4uHdCQwDlL62iNpIjevuA8uCBGXVklAM&__tn__=-R

    Para MBL, campanha não representa censura

    Os comentários no vídeo divulgado na página do MBL Maringá estão divididos. Enquanto alguns questionam a vinda da escritora e a posição do prefeito Ulisses Maia (PDT), outros defendem o Estado Democrático de Direito, afirmando que impedir a presença dela no evento seria censura.

    Um dos coordenadores do MBL Maringá, Arthur Oliynik, afirmou que o Movimento é contra a vinda da escritora para Maringá, mas que o objetivo da postagem não é impedir a presença dela na Flim. “A gente acha que, como é dinheiro público, temos todo o direito de criticar, não gostar da vinda dela, expor o que ela diz e questionar isso”.

    Na postagem do Facebook, o MBL afirmou que a escritora poderia trazer a “doutrinação petista” para Maringá. Segundo Arthur Oliynik, um dos motivos que levaram o MBL a protestar contra a vinda da escritora são as bandeiras políticas levantadas por ela.

    “Essa escritora é conhecida pelos discursos que faz, por ter um viés muito ideológico nas palestras e isso ela traria para Maringá. Como a maioria da população e até mesmo o MBL não concorda, ficou evidente que não seria legal trazer a Márcia para cá”, disse.

    Para o coordenador do MBL em Maringá, questionar a vinda de Márcia Tiburi por ela ter uma ideologia política diferente do movimento, não é censura. “Quando a vinda da Márcia Tiburi é usada com dinheiro público, o cidadão tem o direito de boicotar porque não concorda. Agora, se fosse uma instituição privada, a gente não poderia fazer nada”.

    https://www.facebook.com/mblmaringa/photos/a.480435958975074/735288163489851/?type=3&theater

    Secretário de Cultura afirma que manifestação será discutida

    O secretário de Cultura e presidente da Comissão Organizadora da Flim, Miguel Fernando, participava de um evento em São Paulo na manhã desta quarta-feira (7/11), mas por telefone disse que retorna para Maringá nesta quinta-feira (08/11) e que as manifestações do MBL serão discutidas em uma reunião com todos os membros da comissão.

    Miguel Fernando afirmou que a secretaria de Cultura não recebeu nenhuma reclamação contra a vinda da escritora para Maringá. Ele disse que, por enquanto, não existe nenhuma posição fechada sobre um possível cancelamento da presença de Márcia Tiburi na Flim.

    Para o secretário, as manifestações do MBL são legítimas e fazem parte do processo democrático. Porém, ele disse que a escolha do nome da autora para a Flim se deu pelo fator literário e não político. “Ela fez aquelas falas [do vídeo], mas em nenhum evento daqueles ela foi para discutir literatura. O nosso foco é literatura, não nos cabe discutir o aspecto político partidário”.

    Ele também citou exemplos de outros artistas convidados como Arnaldo Antunes e Fabrício Carpinejar, que também se posicionaram politicamente, mas que esse não será o foco da Festa Literária. “A Márcia Tiburi foi candidata a governadora, fez algumas críticas, mas não estamos em período eleitoral e a vida segue. Parece que alguns grupos ainda não entenderam isso”, disse.

    • Primeira atualização feita às 9h50 desta quinta-feira (8/11), com a inclusão da informação sobre criação de uma página no Facebook em defesa de Márcia Tiburi.

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