No início de julho, quatro filhos do milionário maringaense Juarez Artur Arantes publicaram uma nota dizendo que o pai não fazia mais parte do quadro de administradores da Uiramutã Administração e Participação Ltda. No último domingo (5/8), foi a vez do pai veicular no O Diário comunicado dizendo o contrário, de que os filhos é que não representam a empresa.
A disputa pelo poder sobre os bens da família Arantes, de Maringá, se arrasta há anos. De um lado, estão os filhos do patriarca, Marcelo Vinícius Arantes, Rosângela Cristina Arantes Calciolari, Juarez Antônio Arantes (Filho) e Haroldo Francisco Arantes. De outro, o pai e uma filha, Ana Luíza Arantes. No alvo, estão “dezenas de fazendas” no Tocantis.
O enredo dos desentendimentos por dinheiro conta com capítulos de denúncias de sequestro com cárcere privado, registro de boletins de ocorrências em delegacias diversas e até prisões em flagrante, como ocorreu no dia 13 de agosto de 2015, em São Miguel do Araguaia. Lá foram presas quatro pessoas da família, entre elas a filha Rosângela Cristina.
Conhecido por circular com carros velhos e, há duas décadas, morar em uma suíte de 28 m² no Hotel Deville, Juarez Arantes tem fama de ser “um milionário excêntrico e pão duro”. Ele nega os dois adjetivos, mas uma das telefonistas do hotel disse nesta segunda-feira (6/8) que o hóspede impede que ligações sejam transferidas aos seus aposentos.
– Mas o senhor Juarez Arantes se encontra por aí?
A resposta foi de que o hóspede também não permite que se dê qualquer informação sobre ele. Nenhum dos quatro números de celulares constantes na agenda do Maringá Post como sendo dos Arantes atende ou já não pertence aos antigos donos. Enigmas fazem mesmo parte do personagem, que costuma carregar seu próprio café em uma garrafinha plástica.
As tentativas de comandar a Uiramutã Administração e Participação Ltda, empresa criada em 1999 e que administra apenas uma parte dos bens de Juarez Arantes, teve episódio semelhante ao em curso atualmente em setembro de 2015. Na época, Juarez Arantes também foi “destituído” da empresa pelos quatro filhos. Ana Luíza votou a favor do pai.
Naquele momento, problemas na publicação da convocação das assembleias teriam motivado a anulação da decisão. Desta vez, Juarez Arantes recorre às “cláusulas ‘A’ e ‘G’ do contrato social da Uiramutã, que atribuem apenas a ele poderes para práticas privativas e comuns, bem como nomear procuradores e outorgando de mandatos”.
Embora no papel Juarez Arantes tenha apenas 1% da Uiramutã, na prática é ele quem dá as cartas na empresa. Quando foi criada, 99% das ações foram divididas igualmente entre os cinco filhos, sendo que cada um ficou com 19,80%. Mas as cláusulas do contrato social, registrado em cartório de São Paulo, colocam o empresário de 76 anos como gerente da empresa.
Quanto a disputa em curso, sobre quem responde pela Uiramutã, ambas as partes asseguram estar com a razão e legalmente amparadas. No entanto, o histórico das disputas familiar para o controle dos bens – que além de fazendas, tem gado e uma grande quantidade de imóveis em Maringá – sugere que ainda haverá novos capítulos pela frente.
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