“O nosso problema é que a cada 10 pessoas que procuram o nosso Pronto Atendimento, em média, seis não são casos de urgência”, afirma o médico intensivista e chefe do Pronto Socorro do Hospital Universitário de Maringá (HUM), Ênio Molina.
O motivo desta busca, sem consultas prévias em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), se deve ao desconhecimento dos pacientes sobre a “real função do Pronto Socorro de um hospital.”
“O Pronto Socorro, como o próprio nome diz, é para atender pacientes que estejam em estado de Urgência ou Emergência. São pessoas que correm risco eminente de morte e que precisam da atenção integral da nossa equipe. Por isso, casos menos graves não devem vir para o HUM, porque, assim, conseguimos garantir um bom atendimento para os casos críticos”, reforça Molina.
Em razão desta procura direta pelo Pronto Socorro, o atendimento aos casos leves nos hospitais, às vezes, demora, porque os casos mais graves demandam mais tempo da equipe de profissionais e são prioridade dentro do protocolo do Ministério da Saúde.
“Outro item que dificulta o trabalho da equipe no Pronto Socorro é o número exagerado de acompanhantes, o que causa a sensação de superlotação e aumenta o risco de contaminação no ambiente”, avalia o chefe do Pronto Socorro.
O médico também pondera que o Pronto Socorro não é o lugar certo para solicitação de exames, pedidos de receitas e atestados de saúde.
“O uso consciente por parte dos usuários colabora para o melhor funcionamento do serviço e mais: diminui o tempo de espera e melhora o fluxo do atendimento médico-hospitalar. Faça sua parte: use corretamente o Pronto Socorro. Com isso, você ajuda a melhorar os serviços prestados pelo HUM e pode salvar uma vida”, solicita Molina.
Chefe do Pronto Socorro defende conscientização
O fluxo de atendimento dentro do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) é um tema que precisa ser discutido com a comunidade, defende o chefe do Pronto Socorro.
Para o médico, é preciso esclarecer à população que o Sistema Único de Saúde (SUS) funciona em rede. Molina explica que a estrutura é composta por níveis primários, secundários e terciários de assistência.
A rede primária cobre o atendimento básico de saúde, ou seja, é composta pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) que assistem à população com clínicos.
Além disso, é neste nível que funciona um programa chamado Estratégia Saúde da Família (ESF), que é composto por médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e têm como objetivo fazer uma catalogação das famílias que residem na área de atendimento das UBS.
Para o médico do HUM, o ESF é importante porque auxilia as pessoas que não podem ir até a Unidade. “A equipe é que vai às casas para realizar o atendimento”, explica.
A atenção secundária é composta por policlínicas especializadas que oferecem consultas advindas das UBS, como cardiologia, neurologia etc.. As Unidades de Pronto Atendimento (UPA) são incluídas neste nível secundário.
“Quando as pessoas necessitam de um atendimento mais especializado, a própria Unidade Básica de Saúde faz o encaminhamento para essas unidades [especializadas], que vão agir para resolver o problema do cidadão ou, então, vão encaminhar para o próximo nível, que seria a unidade terciária”, orienta.
No nível terciário da rede de atendimento do SUS estão os hospitais que atendem os problemas de maior gravidade, “que seriam os infartos; os AVC [acidente vascular cerebral]; os abdomens agudos como apendicite; traumas interpessoais como ferimentos de arma de fogo e facas; acidentes de trânsito etc.. Isso seria vinculado à unidade terciária, que são os hospitais de grande porte da região de Maringá.”
Nesse cenário de rede, o HUM tem como objetivo atender pacientes em estado greve, que sejam encaminhados pela UBS, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência), do Corpo de Bombeiros, ou pelas UPA.
“As pessoas que estão passando por alguma debilidade da saúde que se encaixa nos níveis primário e secundário, não devem vir ao HUM por livre escolha, já que nestes casos o atendimento deve ser realizado por uma UBS ou UPA”, afirma Molina.
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