Associados de cooperativas de recicláveis de Maringá acusam garis da coleta seletiva da Prefeitura de Maringá de ficarem com o alumínio. O problema, segundo dirigentes de duas cooperativas, vem ocorrendo há algum tempo e se acirrou no final de semana, quando o presidente da Coopernorte teria flagrado uma tentativa de desvio.
A tesoureira da Coopernorte, Sheila Alves Matos, disse que o presidente da cooperativa, Antônio Rodrigues de Souza, teve que enfrentar os garis e subir no caminhão para pegar uma caixa e três sacos cheios de alumínio. “Só na caixa tinha 30 quilos”, disse Sheila na manhã desta segunda-feira (7/5). O preço do alumínio está R$ 4 o quilo.
O caminhão, placa BAR-2745, foi filmado pelos cooperados, mas o vídeo não mostra as latinhas. Em áudio gravado por Sheila na manhã de domingo (6/5) e postado no grupo de Whatsaap que reúne lideranças das sete cooperativas em atividade na cidade, Sheila conclama os colegas a se mobilizarem para impedir que os desvios continuem.
“Vamos barrar esses coletores da prefeitura. Convido todos a se unir para ir na Câmara e discutir esse problema no Fórum da Cidadania. Temos provas e não é possível a prefeitura não fazer nada. Estamos cansados disso aí”, diz Sheila no áudio. Ela sugere registrar o fato em Boletim de Ocorrência policial. Ouça a mensagem.
A presidente da Coopervidros, Dulcineia Martins, disse que vem denunciando o problema há algum tempo, mas nenhuma providência teria sido tomada. Afirmou que o alumínio que deixa de ser entregue nas cooperativos “é vendido pelos garis na balança da Avenida Carlos Borges. Tem um comprador que vai lá pegar o alumínio. Filmamos a camionete”.
Dulcineia disse que não vê problema dos garis da coleta de rejeitos separem os recicláveis, “pois o material vai ser aterrado”, mas considera “furto isso ocorrer nos caminhões da coleta seletiva, pois o material é nosso”. Segundo ela, o desvio não acontece nos dez caminhões terceirizados, e sim nos cinco da prefeitura.
“Nos caminhões da prefeitura ficam um gari dentro do baú separando o alumínio para vender quando vão fazer a pesagem na Carlos Borges”, sustenta a presidente da Coopervidros, maior cooperativa da cidade, que congrega 28 cooperados e recebe 120 toneladas de material por mês.
Secretário diz que áudio gerou revolta
O secretário de Serviços Públicos, Vagner Oliveira, disse que está “fazendo o possível para evitar que essa situação se transforme em uma guerra, na qual ninguém ganha”. Disse que a diretora de coleta seletiva da Semusp vai visitar as cooperativas nesta segunda-feira para verificar o que de fato está ocorrendo.
Segundo Oliveira, o áudio de Sheila gerou revolta entre os coletores, que se sentiram ofendidos. “Eu não acredito que o nosso pessoal esteja desviando alumínio e não podemos punir um servidor sem provas”, afirmou.
Disse que o vídeo que recebeu não pode ser considerado uma prova. “Mostra um caminhão e os sacos, mas não mostra o que tem dentro dos sacos”. Acrescentou que a fiscalização, que acompanha a pesagem dos caminhões de coleta, não constatou nenhum desvio de material.
Como a Coopernorte disse que não deseja mais receber caminhões da prefeitura, a Semusp aguarda uma solicitação por escrito para tomar a providência solicitada. Acrescentou que este mês todas as cooperativas vão bater a meta que está trabalhando para “fazer o que é justo”.
Secretário revê posição e decide abrir sindicância
O secretário de Serviços Públicos, Vagner Oliveira, que em primeiro momento se mostrou reticente em abrir uma sindicância para apurar os fatos, na manhã desta terça-feira (8/5) mudou de ideia. Anunciou que a sindicância interna será instaurada.
A mudança de postura se deu após a repercussão do caso na mídia e reuniões entre as lideranças das cooperativas de recicláveis.
- Primeira atualização, feita às 10h desta terça-feira (8/5/2018), com a inclusão da informação que a Semusp vai abrir sindicância.
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