Não importa a idade, tamanho ou se torce para a Seleção Brasileira conquistar o hexacampeonato. O objetivo comum é completar o álbum da Copa do Mundo da FIFA Rússia 2018.
Das 280 milhões de figurinhas produzidas por semana pela editora Panini, responsável pelos álbuns no Brasil, 750 mil chegam nas bancas de jornais e revistas de Maringá. De cada 1.000 figurinhas produzidas para todo país, três vem para a cidade.
Em Maringá, a responsável pela distribuição dos cromos e álbuns é a Ler Distribuidora. Os envelopes com cinco figurinhas e os álbuns de capa dura ou brochura estão disponíveis nas bancas desde o dia 16 de março.
Neste ano, o livro ilustrado inclui as 32 seleções classificadas com os uniformes oficiais. O número de atletas por página aumentou de 17 para 18.
A procura maior é pelos álbuns de capa dura, que custam R$ 25,90 e demoraram para chegar nas bancas. De acordo com a Ler Distribuidora, a demanda foi muito grande e a editora demorou para confeccionar os álbuns.
Outra opção é o de capa normal, que custa R$ 7,90. Os pacotes com cinco figurinhas são vendidos por R$ 2 e para completar as 80 páginas do álbum são necessários 682 cromos. Se o colecionador tiver muita sorte e não pegar nenhuma figurinha repetida, deverá gastar cerca de R$ 274 para completar o álbum.
Apesar da editora italiana não divulgar informações oficiais referente ao número de vendas, os álbuns e as figurinhas da Copa do Mundo tem movimentado as bancas de jornais e revistas da cidade. “Tem outras coisas que vendem também, mas é que [os álbuns] vendem bastante. É como se fosse o Natal dos jornaleiros a cada quatro anos”, diz William Moreira, dono de um banca de jornais na Praça Napoleão Moreira da Silva.
Segundo ele, é normal que as vendas de figurinhas nas primeiras semanas sejam maior, e que depois diminuam. “Se o Brasil perder, cai de vez, agora se ganhar o mundial as vendas continuam. Durante período da copa ainda vende muito.”
Devanir Tominga trabalha em uma banca de revistas na Avenida Getúlio Vargas e diz que a cada 20 minutos aparece alguém querendo comprar figurinhas.
Segundo ele, os clientes dizem que os cromos de jogadores famosos ou os metalizados e com efeito holográfico, são mais difíceis de conseguir. “O pessoal está mais animado para completar o álbum do que saber se o Brasil vai ganhar.”
Em outra banca na Rua Santos Dumont, a procura também é grande. Segundo a gerente, Cida Martins, cerca de 70 pessoas procuram álbuns ou figurinhas da copa por dia na banca. Ela diz que já vendeu aproximadamente 8 mil envelopes de figurinhas.
“Para mim, elas (figurinhas) estão fazendo com que eu ganhe um pouco mais. Se eu tinha alguma coisa pendente eu estou saldando. Mas é o jeito das pessoas ganharem dinheiro, apesar de ser pouca a comissão.”
Para Cida, os álbuns também fizeram aumentar a procura de outros produtos relacionados ao futebol, como a tabela da Copa do Mundo. Ela diz que os clientes quase não comentam sobre a Seleção Brasileira e a busca pelo hexacampeonato: “Hoje é a politica que está mais redondinha”, afirma.
Álbum da Copa virou passatempo de família
Completar o álbum de figurinhas de um dos maiores eventos esportivos do mundo é o hobby do bancário Frank Zagotto, 50 anos. Ele começou a colecionar álbuns em 2010, durante o mundial na África do Sul, e no período conseguiu completar dois álbuns.
Na Copa do Mundo de 2014, Zagotto completou seis livros ilustrados e neste ano pretende preencher mais dois, um de brochura e outro de capa dura. Para cumprir como o objetivo ainda faltam cerca de 200 figurinhas.
Na família do bancário, completar álbuns de figurinhas da copa virou hobby. Os sobrinhos de 9 até 30 anos também começaram o passatempo. E o bancário não para na coleção de figurinhas, ele também coleciona discos de vinil, miniaturas de carrinho e moedas.
Frank Zagotto explica que não coleciona para vender e, por isso, a coleção ainda não se tornou forma de negócio. “Só gastei, nunca ganhei. Mas você investe em lazer, acaba gastando em álbum e economizando em remédio. É uma terapia legal, porque você socializa, brinca e faz amigos nessa história de figurinha.”
Troca de figurinhas em Maringá reúne 600 pessoas
Para a troca de figurinhas, os colecionadores enfrentam sol quente e até competições para garantir que os cromos repetidos sejam passados para frente. Tem gente que leva uma lista com as figurinhas que ainda faltam, outros só trocam figurinha por outra figurinha ou vendem aquelas já repetidas para ganhar dinheiro.
Em Maringá, o ponto de encontro dos colecionadores que trocam figurinhas é no entorno do Estádio Willie Davids, durante o fim de semana. “Tem domingo que dá 500, 600 pessoas. Não fui ainda [nesse ano], mas vou lá. Tem de tudo, até cara que vai e tem figurinhas fora de ordem”, afirma o bancário.
Frank Zagotto diz que prefere ir até a banca, e que só vai trocar quando tem um grande número de figurinhas repetidas. Outra estratégia dele é só começar a completar o álbum, quando tiver todas os cromos.
“Eu pego todas as figurinhas, deixo de lado e quando meu álbum está completo, começo a colar tudo de uma vez. Se fico pegando o álbum toda hora, ele fica amassado. Tem gente que vai trocar figurinha e leva o álbum junto e isso não pode fazer, acaba estragando tudo”, conta.
Editora lançou versão online do álbum e escalômetro
Completar as figurinhas dos jogadores das seleções faz tanto sucesso, que até uma versão digital com figurinhas virtuais da Copa do Mundo da Rússia foi lançada. Enquanto nas tradicionais bancas é preciso usar dinheiro para conseguir os pacotes de figurinhas, no Álbum Virtual da Copa do Mundo 2018 o colecionador pode conquistar tudo de graça.
Por dia, é possível conseguir dois pacotes virtuais gratuitos. Assim, o jogo dura mais tempo e não acaba tão rápido. Como no mundo real, também é possível trocar as figurinhas e escolher quais receber em troca.
Outra novidade é o Escalômetro, plataforma online para os colecionadores escalarem os jogadores que acham que serão convocados pelo técnico Tite para jogarem na seleção. Além de testarem as habilidades como técnicos, os participantes concorrem a prêmios.
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