O assassinato da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Marielle Franco, na noite de ontem (14/3) no Rio de Janeiro, motivou protestos em várias cidades do país. Cerca de 11 capitais estão realizando ou farão atos de manifestação em memória à vereadora, que foi morta a tiros dentro de um carro na zona norte do Rio.
Em Maringá, o ato está marcado para ser realizado das 17h às 19h na Praça Raposo Tavares. Mais de 400 pessoas já confirmaram presença no evento do Facebook. Ainda na quarta-feira, quando a informação sobre a morte da vereadora tinha tomado conta dos noticiários, um grupo de mulheres assutadas com a morte, decidiu se manifestar e criou a página no Facebook.
Uma das organizadoras, Margot Jung, explicou que o ato é suprapartidário, sem ligação com nenhum partido político. “Tem pessoas de várias entidades, como a Associação Maringaense LGBT, Marcha das Mulheres, sindicatos, mas a gente não está colocando entidades nessa organização”.
Segundo Margot, o ato não é uma vigília, mas um protesto contra a retirada dos direitos das mulheres, a violência e o preconceito.”Todos os dias mulheres são mortas. Todos os dias mulheres são silenciadas e diminuídas. Nossa luta é para mostrar que Marielle foi silenciada e que a gente não vai se permitir silenciar. Pelo contrário, vamos lutar cada vez mais”, disse.
Vereadora voltava de evento quando foi morta
Aos 38 anos, Marielle Franco, e o motorista do carro em que estavam foram baleados e morreram na Zona Norte do Rio de Janeiro, há poucos dias da intervenção federal na segurança do Estado completar um mês. Uma assessora, que também estava no carro, foi atingida pelos estilhaços e sobreviveu.
A vereadora voltava do evento “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, quando foi interceptada pelos criminosos. Horas antes, Marielle tinha feito uma transmissão ao vivo no Facebook com as discussões do evento.
“Cria da favela”, como ela mesma dizia, Marielle nasceu e foi criada no complexo de favelas da Maré, uma das regiões mais violentas do Rio. Em 2016, ela foi a quinta vereadora mais votada no Estado com 46.502 votos.
Marielle questionava ações violentas da Polícia
No mês passado ela foi escolhida como relatora da comissão que acompanhará a intervenção federal na segurança pública do Rio. A vereadora declarava-se contrária a intervenção e vinha fazendo denúncias sobre abusos de policiais militares, mas sem declarar nenhum nome específico.
Marielle dedicou a vida política na luta pelos direitos humanos e contra ações violentas nas favelas. Há cinco dias, ela questionou nas redes socais ações truculentas da Polícia na comunidade Acari. A vereadora chegou a chamar o 41º BPM de “Batalhão da Morte”.
O deputado federal Chico Alencar, colega de partido da vereadora, disse que “ela incomodava as pequenas e grandes máfias”.
Na terça-feira (13/3), Marielle publicou um desabafo sobre a criminalidade no Rio de Janeiro.”Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”. Ela se referia a morte de um jovem na Favela Jacarezinho, após sair da igreja com a namorada.
A Polícia Federal ofereceu ajuda nas investigações, mas o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, disse que a instituição tem as condições para resolver o caso.
Vereadores de Maringá também se pronunciaram
Durante a sessão da Câmara de Maringá, nesta quinta-feira (15/3), a morte de Marielle Franco fez com que vários vereadores se pronunciassem sobre o caso. Carlos Mariucci (PT) Odair Fogueteiro (PHS), Chico Caiana (PTB) e Sidnei Telles (PSD) lamentaram a falta de segurança que atinge não só o Rio de Janeiro, mas todo o país.
A morte de Marielle Franco também foi assunto na imprensa internacional. Veículos como “The New York Times”, “The Washington Post” e a “Rede ABC News”, repercutiram o fato. O “Clarín”, um dos principais jornais da Argentina, enfatizou as denúncias que a vereadora havia feito nos últimos dias.
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