A antecipação da data das provas do Processo de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) está gerando forte descontentamento no meio educacional, especificamente do Ensino Médio. O PAS da UEM, uma das portas de entrada na universidade, que costumava ser realizado na segunda quinzena de novembro, este ano será no dia 21 de outubro.
A principal critica de educadores é que a antecipação vai prejudicar os alunos, pois serão cobrados conteúdos que ainda não viram, principalmente dos estudantes das escolas públicas. O calendário dos colégios estaduais começa no dia 19 de fevereiro e termina no dia 19 de dezembro. Na maioria dos colégios particulares as aulas começam no início de fevereiro.
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Noroeste do Paraná (Sinepe), José Carlos Barbieri, disse que houve a antecipação da data do PAS em mais de um mês, segundo o calendário escolar das escolas particulares, e de quase dois meses em relação às públicas, “mas não ocorreu nenhuma redução do conteúdo exigido. Todos serão prejudicados”.
Pressão para adolescentes de 14 anos
O diretor do Colégio Platão, Antônio Leonel, lembrou que o PAS é aplicado para alunos do primeiro, segundo e terceiro anos do Ensino Médio. “São adolescentes de 14, 15 anos, que serão submetidos a uma pressão enorme. Eles precisam acumular pontos desde a primeira prova e não estarão preparados para isso. Um mês significa, no mínimo, 112 aulas”, disse.
Segundo Leonel, as escolas particulares terão mais condições, apesar das dificuldades, de antecipar parte do conteúdo exigido, o que dificilmente ocorrerá nas escolas públicas. Observou que as inscrições no PAS são pagas e questionou o critério de evitar que as provas do PAS coincidam com as do Programa de Seleção Seriada (PSS) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
“O PAS foi criado com o objetivo de atender os estudantes da região. Poucos estudantes de Ponta Grossa fazem o PAS e poucos estudantes de Maringá fazem o PSS. Não existe razão para não fazer as provas na mesma data, como alega a Comissão de Vestibular Unificado da UEM”, afirmou.
A coordenadora da Equipe Pedagógica do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá, Maria Solange Baraca, concorda que as escolas públicas dificilmente conseguirão repassar todo o conteúdo previsto antes da realização do PAS. Lamentou a antecipação, já que a legislação estabelece 200 dias letivos, mas lembrou que a definição da data das provas é uma atribuição da UEM.
Segundo ela, o que o NRE pode fazer é “sugerir que, na medida do possível, os colégios procurem antecipar os conteúdos previstos no PAS”. Observou que o Núcleo não pode ir além disso, “já que o objetivo das escolas públicas é preparar os alunos para a vida e não para o vestibular”. Não se cogitou, no NRE, até o momento, nenhuma ação visando a mudar a data PAS.
CVU expõe comprometimento de datas
A presidente da Comissão de Vestibular Unificado (CVU) da UEM, Maria Raquel Marçal Natali, reconhece que a data aprovada para a realização do PAS pelo Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) gera preocupação. Acrescenta que está aberta à discussão e expôs o comprometimento de outras datas mais adequadas, tendo em vista que o calendário acadêmico da universidade vai até o dia 7 de dezembro.
Disse que o Vestibular de Verão deste ano será de 2 a 4 de dezembro e que, “por questões de logística, não há condições de realizar o PAS no domingo anterior, dia 25 de novembro. Precisamos de duas semanas para organizar o processo, mas no dia 18 de novembro será realizado o PSS da universidade de Ponta Grossa, inclusive com provas em Maringá”.
Outro empecilho serão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que este ano serão aplicadas nos dias 4 e 11 de novembro. Já no domingo anterior, 28 de outubro, será realizado o segundo turno das eleições. Assim, restou o domingo 21 de outubro. “Se as provas pudessem ser aplicadas aos sábados, seria ótimo, mas a legislação impede”, explicou Maria Raquel.
A UEM reserva 20% das vagas de todos os cursos de graduação para os melhores colocados no PAS. Em 2017, segundo relatório elaborado pela CVU, 27 mil estudantes fizeram as provas, sendo 13,8 mil do primeiro ano, 8,2 mil do segundo e 4,9 mil do terceiro. Desses, 57,6% são de Maringá e região, 19,2% de outras regiões do Paraná, 16,5% de São Paulo, 3,4% do Mato Grosso do Sul e o restante de outros Estados.
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