Servidores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão em estado de greve. Isso, em tese, significa que as atividades da UEM podem ser paralisadas por tempo indeterminado a qualquer momento. Porém, na prática cotidiana, os discursos dos dirigentes não parecem conduzir professores e servidores para essa direção.
Mesmo assim, em um primeiro momento, as informações sobre a decisão de uns poucos presentes em assembleia convocada pelo sindicato dos servidores da universidade, divulgadas nas redes sociais e na mídia, estão causando um certo alarde de preocupação nos acadêmicos.
Isso porque o desmonte do calendário acadêmico causado por paralisações anteriores de anos passados deverá ser regularizado este ano para o início do próximo ano letivo, colocando um ponto final no descompasso de formaturas, férias e início das aulas.
A assembleia que aprovou o estado de greve foi realizada no Auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (Sinteemar) na manhã da última quarta-feira (22/11).
A capacidade do auditório não passa de 200 lugares – e não se sabe se estava lotado, pois o Sinteemar não quis divulgar os números -, sendo que a UEM possui 4.241 servidores e, mesmo assim, os presentes aprovaram o estado de greve, por unanimidade.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, até o final da tarde de ontem (22) não havia nenhuma notificação oficial do Sinteemar a respeito da decisão.
Em 2016, quando a atual diretoria do sindicato foi eleita, a eleição ocorreu apenas numa segunda chamada das eleições. A primeira, em maio, não teve o quórum atingido, a Comissão Eleitoral não apurou os votos e agendou uma nova votação um mês depois.
Fim do reajuste é a principal motivação
O principal motivo da ação do momento, protagonizada pelo Sinteemar, envolve o fim da data-base, quando ocorre, ou pelo menos deveria ocorrer, o reajuste salarial da categoria.
Outros motivos são a implantação do Meta4, uma espécie de programa de gestão que, para quem o defende, promove maior transparência às finanças das universidades, mas para quem se opõe, fere a autonomia das instituições.
A falta de reposição de agentes universitários e de docentes, além de um corte de 30% no orçamento das universidades estaduais também estão nas listas de protestos e reivindicações do movimento.
O presidente do Sinteemar, José Maria Marques, informou que o sindicato propôs uma emenda na Lei Orçamentária Anual (LOA) por meio do deputado estadual Evandro Araújo (PSC) para manter os recursos das universidades públicas, garantir os reajustes, a progressão de carreira, os programas de dedicação exclusiva e a reposição de servidores.
Além disso, na visão de Marques, é essencial que exista uma mobilização do servidor público frente aos “avanços dos governos que tiram direitos do trabalhadores”. Para isso, haverá um ato na próxima quarta-feira (29/11), que busca “servir de alerta contra tais descontentamentos”.
“Na iniciativa privada, o trabalhador tem mais direitos: quando ele se aposenta ou é demitido, pode sacar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e tem acesso ao seguro-desemprego. O funcionário público não tem nada disso. Isso ninguém fala!”, declara o presidente do sindicato.
Ele acrescenta que “quando o servidor da UEM perde, a cidade de Maringá também perde. O dinheiro do servidor é investido aqui”.
Esse raciocínio tem lá sua lógica, à medida que os altos impostos municipais, estaduais e federais brasileiros extrapolam o limite do aceitável, no entanto, os servidores públicos concursados têm estabilidade, salários e aposentadorias acima dos celetistas.
Greve no fim do ano seria inócua
Questionado sobre a paralisação das atividades ainda este ano, José Maria Marques descartou a possibilidade. “Tem 20 dias para acabar o ano, mais um mês e aí é Natal. Não vamos entrar em greve amanhã, existe todo um protocolo”, afirmou.
Já o presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e região (Sindiprol/UEL), Nilson Magagnin Filho, disse que lá, existe uma organização, o Comitê Local, formado por representantes de professores, técnicos e estudantes da universidade.
“Estamos organizando uma mobilização no dia 29 para fazer esclarecimentos à comunidade universitária e a cidade sobre os problemas que sofremos com o governo”, afirmou, informando que não foi declarado estado de greve.
Magagnin Filho afirmou que “os problemas das universidades estaduais não se restringem a uma única instituição e afetam todas as entidades de ensino do Paraná, como o Meta 4, a contratação de novos servidores e cortes orçamentários”.
“Não vai haver paralisação, no nosso entendimento não é o momento, a ação seria inócua”, justificou. Na atual situação, haveria um prejuízo maior ao calendário letivo, ainda desregulado devido à greves em anos recentes, acrescentou o presidente do Sindiprol.
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