Maringá é a cidade do Paraná com população superior a 100 mil com o menor número de ônibus por habitantes – perde para Ponta Grossa, Londrina e Curitiba. Também é a cidade com maior número de carros quando comparado com a quantidade de ônibus. Em outras palavras, os maringaenses tendem a usar mais meios de transportes individuais do que coletivos.
O estudo foi realizado pelo Conselho de Desenvolvimento de Maringá (Codem), que também fez comparações nacionais entre 300 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. No ranking da relação de ônibus por carro, Maringá é apenas a 291ª do país, evidenciando que sua frota de transporte de massa é relativamente reduzida ante ao transporte individual.
Para cada mil habitantes, Maringá tem 2,4 ônibus de transporte coletivo urbano. O melhor coeficiente nos últimos cinco anos foi em 2014, com 2,6 ônibus por mil maringaenses. A cidade com maior oferta de ônibus por pessoa no Estado é Ponta Grossa. Lá, para mil habitantes, são 4,7 ônibus, quase o dobro de Maringá.
Curitiba, que se tornou referência em transporte público no Brasil, vem reduzindo o número de ônibus em relação à população. Em 2012, chegou a ter 4,3 ônibus para cada mil curitibanos. No ano passado, essa relação caiu para 3,2. Londrina também perdeu: já chegou ao índice de 3,9, em 2012, indo para 3,6, em 2016.
O Codem também comparou, nacionalmente, os números de ônibus e carros de 300 cidades. Maringá tem apenas 5,4 ônibus para cada mil carros circulando. Ponta Grossa, por exemplo, tem 10,2 ônibus por mil carros.
Enquanto Maringá ocupa uma das últimas posições nesse ranking (291ª posição), Ponta Grossa está no 178º lugar. O índice de Londrina é 9,1 e de Curitiba 6,7.
Razões que explicam ‘poucos ônibus e muitos carros’
As razões para Maringá ter, proporcionalmente, menos ônibus e mais carros que as outras cidades, em parte se explica, segundo o diretor geral do Codem João Ricardo Tonin, pelo alto poder aquisitivo. Enquanto, em média, o Produto Interno Bruto (PIB) por maringaense é R$ 36 mil, o do londrinense é R$ 26 mil.
Tonin acrescenta que o volume de crédito nos últimos anos também contribuiu para o aumento de carros na cidade: “De cada quatro maringaenses, três têm carro”, observou. Também existem fatores culturais, de conforto, e relação com a qualidade do serviço de transporte coletivo ofertado.
O economista ponderou que Ponta Grossa, que nas comparações tem menos carros por ônibus e mais ônibus por habitante, em parte se justificam pela topografia da cidade, com muitas subidas e descidas, que reduzem a velocidade dos ônibus, e pela idade do município, que tem ruas estreitas e poucas vagas de estacionamento para carros.
Já Maringá tem uma densidade demográfica mais baixa e uma topografia mais plana, o que provoca um impacto econômico importante na operação dos serviços de transporte coletivo: “A cidade precisa de um plano de mobilidade urbana, e saber, por exemplo, onde os moradores de determinadas regiões trabalham”, sugere Tonin.
Também precisa – acrescenta o diretor-geral – desenvolver uma política pública que incentive o uso de ônibus e modais alternativos de transporte, como bicicletas, para mudar a cultura do maringaense de priorizar os carros.
O secretário municipal de Mobilidade Urbana, Gilberto Purpur, e o diretor-executivo da TCCC, Roberto Jacomelli, foram procurados pela reportagem na tarde desta quinta-feira (16/11), às 16h25 e 16h29, respectivamente, e informados sobre o tema da entrevista. Ficaram de retornar a ligação, o que não ocorreu até fim do expediente comercial (18h).
Veja gráficos do estudo feito pelo Codem
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