A Delegacia de Polícia Civil de Umuarama, a 162 km de Maringá, foi atacada por quatro horas seguidas entre a noite de ontem (27) e a madrugada de hoje (28).
O clima tenso começou às 21h, quando sites da cidade divulgaram que Eduardo Leonildo da Silva, de 30 anos, suspeito de sequestrar Tabata Fabiana Crespilho da Rosa, de 6 anos na última terça-feira (26/9) tinha sido preso.
Uma publicação falsa nas redes sociais dizendo que o detido tinha confirmado o crime e que o corpo estava perto de um viaduto na margem da PR-323 levou cerca de duas mil pessoas ao portão da delegacia. Os manifestantes tentavam entrar para linchar o acusado.
Revolta e depredação na delegacia
Como um grupo foi impedido de entrar na delegacia, começou a incendiar os carros que estavam próximos e depredar a fachada do prédio.
Foram destruídas seis viaturas policiais, três carros da imprensa local, um caminhão de contrabando que aguardava perícia e o carro do pai da menina.
Enquanto os policias tentavam conter a manifestação, os presos da 7ª SDP de Umuarama começaram uma rebelião e a quebrar portas e paredes para fugir.
Os pais de Tabata, cerca de 50 policiais e profissionais da imprensa ficaram dentro da delegacia enquanto a manifestação acontecia.
Toda a pressão popular fez com que Eduardo Silva confessasse o crime. A polícia então saiu com ele para localizar o corpo, enquanto a delegacia, o Instituto Médico Legal (IML), o Instituto de Criminalística e o Instituto de Identificação eram parcialmente destruídos.
A polícia encontrou na madrugada de hoje (28) o corpo da menina em um canavial nas proximidades de um bairro da cidade, chamado Sonho Meu. Com a interdição do IML de Umuarama, o corpo da criança foi trazido ao IML de Maringá.
Suspeito já responde por homicídio
O delegado Fernando Ernandes Martins disse ao Umuarama Ilustrado, jornal da cidade, que a polícia chegou até o acusado por meio das imagens de câmeras de segurança que ficavam próximas da escola onde a menina estudava. O sistema de monitoramento identificou um Gol branco, que pertencia ao suspeito.
O delegado disse que Silva é conhecido da família e mora perto da casa da vítima. No início, o suspeito disse que havia dado apenas uma carona e que teria a deixado a criança na escola. Porém sua versão foi desmontada pela polícia e ele acabou confessando que matou a menina e a enterrou.
Eduardo da Silva foi preso em flagrante por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ele foi encaminhado para um presídio por questões de segurança.
Segundo a polícia, Eduardo da Silva já responde pelo homicídio e ocultação de cadáver de uma adolescente em Chopinzinho, a 442 km de Maringá. O crime ocorreu há sete anos.
A família da menina acompanhou todo o trabalho da polícia. Ao receber a notícia da confirmação da morte da filha, a mãe desmaiou e precisou ser levada ao hospital.
Menina foi sequestrada na terça
Tabata desapareceu por voltas das 13h desta terça-feira (26), enquanto ia para a escola. O irmão de 13 anos a levou até as proximidades do estabelecimento de ensino. A criança foi abordada pelo criminoso há menos de 50 metros da instituição.
O desaparecimento só foi percebido quando o responsável foi buscar a menina na escola e ele foi informado que ela não tinha chegado na escola. As polícias Civil e Militar foram acionadas e as buscas começaram na noite do mesmo dia.
O portal de notícias de Umuarama OBEMDITO também realizou a cobertura da manifestação. A moto de um fotógrafo do portal foi incendiada. Enquanto a imprensa ficou dentro da delegacia, alguns populares registraram os momentos de tensão.
Nesta manhã, os policiais interditaram as ruas próximas da delegacia para realizar a perícia no local e nos veículos incendiados. Uma coletiva de imprensa deve ser realizado nesta quinta-feira na 7ºSDP de Umuarama.
Outro caso de linchamento chocou o Brasil
Em dezembro de 1986, três homens sequestraram uma jovem de 22 anos e o noivo dela de 26 anos. Os bandidos estupraram a jovem e executaram o noivo. A polícia foi rápida e no outro dia os bandidos foram presos.
No início da noite, cerca de duas mil pessoas foram para a frente da delegacia. Sem resistência policial, os assassinos confessos teriam sido mortos a pauladas. Os corpos foram arrastados pelas principais avenidas da cidade até chegar em uma praça onde foram queimados.
O caso repercutiu nacionalmente. A revista Veja produziu uma matéria na edição de dezembro de 1986.
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