O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgou nesta segunda-feira (25/9) um levantamento inédito sobre a incidência de raios no Brasil. O documento mostra a situação de cada cidade brasileira.
Em Maringá, o índice de quedas de raios é de 4,79 por km² por ano. Em Rio Branco, no Acre, a capital com maior incidência de raios no País, o índice é de 30,13 por km² por ano. Isto faz com que a chance de ser atingido por um raio em Maringá seja seis vezes menor do que em Rio Branco.
Quem mora em Maringá pode ficar ainda mais tranquilo se compararmos o índice da cidade com o município de Santa Maria das Barreiras, no Pará, que tem um índice de 44,32 raios por km² por ano, quase dez vezes superior a Maringá, e o maior entre todos os municípios brasileiros.
Entre as capitais, Rio Branco é seguida por Palmas com índice de 19,21 raios por km² por ano, Manaus (18,93), São Luís (15,12), Belém (14,47) e São Paulo (13,26).
Em Curitiba, o índice é ainda mais baixo do que o registrado em Maringá. São 4,55 raios por km² por ano, o que coloca a cidade na 223 colocação no Paraná e na posição de 1.916 entre todas as cidades brasileiras.
Maringá ocupa a posição de número 159 no Paraná e 1.713 no País. Entre as grandes cidades do estado, Cascavel é a que apresenta o maior risco, com índice de 4,86 raios por km² por ano. A cidade é a de número 140 no Paraná e 1.654 no Brasil.
Londrina tem índice de 4,73 raios por km² por ano. No Brasil, está na posição número 1.758 e no Paraná, 174. Foz do Iguaçu tem índice de 4,20. É a 301ª no ranking do Paraná e 2.250 no País. Em Ponta Grossa, o risco de ser atingido por um raio é ainda menor. O índice é de 3,78 por km² ao ano. O município está na posição 391 no estado e 2.922 no Brasil.
Brasil registra média de 77,8 milhões de raios ao ano
Nos últimos seis anos, o número médio anual de raios no Brasil foi de 77,8 milhões. O valor é bem superior ao registrado em 2002, que apontava cerca de 55 milhões.
A diferença é atribuída às limitações do levantamento anterior feito com base em dados de satélites que apresentavam restrições devido à amostragem temporal (os satélites não eram geoestacionários), eficiência de detecção (dependente do tipo de tempestade) e discriminação entre as descargas que atingem o solo (raios) e aquelas que ficam dentro das nuvens.
O novo levantamento foi obtido por meio da rede BrasilDATDataset que integra diferentes tecnologias de detecção de raios em superfície e permite identificar as ocorrências com maior precisão.
Os novos dados apontam que 2012 registrou o número máximo de raios em todo o período analisado: 94,3 milhões. A justificativa está no aumento acentuado na região norte relacionado ao evento La Niña observado naquele ano.
Após 2012, um decréscimo quase que constante é visto ao longo do período. Em 2013 foram 92 milhões, em 2014 foram 62,9 milhões e em 2015 foram 68,6 milhões de raios, ano em que um acréscimo é observado devido ao registro do evento intenso El Niño, responsável pelo aumento acentuado dos raios nas regiões sul e parte das regiões sudeste e centro-oeste.
A quantidade de raios identificada indica que os fenômenos El Niño e La Niña modulam as ocorrências no Brasil numa intensidade muito acima do que poderia ser esperado em consequência do aquecimento global.
“O novo ranking permite ter-se números mais precisos sobre a ocorrência de raios no País e suas variações anuais, o que permite identificar quais fenômenos são responsáveis por estas variações, além de permitir, em longo prazo, acompanhar os efeitos das mudanças climáticas sobre a incidência de raios em nosso país”, comenta Dr. Osmar Pinto Junior, coordenador do ELAT.
Outro dado relevante mostra que no levantamento anterior o número de raios na região norte foi subestimado. Como exemplo, o estado do Amazonas, que no primeiro levantamento apresentou a média de 11 milhões de raios por ano, passa a ter, atualmente, uma média de aproximadamente de 15,8 milhões de raios por ano
A nova rede BrasilDATDataset além de detectar cerca de 99% das tempestades que ocorrem no país, tem uma base de dados de raios que permite esclarecer a causa da maior parte dos eventos associados aos raios, que anteriormente muitas vezes não tinham uma explicação satisfatória, tais como, danos patrimoniais em que não há vestígio da ocorrência de raios, mortes de pessoas sozinhas no meio rural cuja causa suspeita é um infarto, entre outros.
A rede também permite aperfeiçoar as ferramentas de alerta para a proteção de vidas, considerando que no Brasil em média 300 pessoas por ano são atingidas por raios, das quais cerca de 100 morrem.
O número, embora tenha reduzido nos últimos anos, em partes, devido à redução no número de raios, ainda é muito alto comparado a países desenvolvidos. (Com informações da assessoria de Imprensa do Grupo de Eletricidade Atmosférica – ELAT)
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